Hit the world road

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Algumas poucas horas antes de um ano novinho em folha....

Espero que para o ano que vem aí aconteçam de vez algumas coisas que estou à espera, tais como:

- Se vejam portugueses de manhã dentro dos carros na 2ª circular, no metro, no comboio ou no autocarro a cantar ou a assobiar qualquer cançãozinha laroca tipo " Oh Rosa arredonda a saia" ou então desatem a dançar no meio da chuva e do vento, género Mary Poppins;

- Se perca o terrivel hábito de consolar como se alguém fosse débil ou a levar pancadinhas nas costas e a dizer que a crise está mesmo, mesmo a acabar (ainda não perceberam que é uma crise de crescimento?);

- Se dêem muitos beijinhos e xi-corações a conhecidos e desconhecidos porque as pessoas estão todas a precisar de mimo, muito mimo;

- Se façam mesas-redondas sobre várias formas de felicidade (mesmo aquelas que são de graça e também vários cursos em lugares públicos e se criem empregos nesta área para haver mais produtividade positiva REAL neste país;

- Nasçam muitos dias cheios de sol quentinho para aquecer os ossos do desespero e dias cheios de chuva fresquinha para limpar o que não vale a pena voltar a ver ou a lembrar;

- Se arrumem tantas vidas desamadas, juntem outras tantas desamparadas e se colem almas partidas;

- Que haja mais paz de espirito, mais fome de ousadia e mais vontade de viver e deixar viver.

Venha daí esse ano que é preciso renascer. Sempre.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O coleccionador

Atravessou a infância com a colecção mais preciosa que se possa ter: um coração a transbordar de atenção, um corpo cheio de mimo e abraços apertados, uma alma a crescer com amor, afecto e bondade.


Educou-se com uma colecção de quadros de honra, louvores de professores, diplomas, prémios e reconhecimentos publicos. A esta colecção, acrescentou sólidos amigos, fortes raízes que se estenderiam pela vida fora.


Criou família, e nova colecção se juntou. Uma colecção pequenina mas presente, cheia de esperança e de orgulho.Uma colecção inevitável, previsivel, necessária.


Seguiu-se-lhe a glória da maturidade. Somou bens, propriedades, rumos. E adicionou viagens a sitios longinquos, ganhando conhecimentos novos, culturas distintas. Condimentou com arte e musica, muita musica.


As colecções tornaram-se cada vez mais preciosas, mantendo cada uma delas únicas e em perfeito estado de contemplação e satisfação pessoal. Nada perturbava este equilibrio singular de conquista, bem-estar, conforto. A vida proporcionava-lhe o que tinha de melhor pelo seu esforço e dedicação.

Qunando a vida se atropelou e a rotina se instaurou, começou a coleccionar mulheres. Bonitas, menos bonitas, espertas, atrevidas, timidas, modernas, conservadoras, descontraidas, preconceituosas ... a colecção era fantástica! Digna de admiração de qualquer ser, homem ou mulher.

Mas um dia, o coleccionador deixou de ter desafios. Todas as colecções estavam completas, mas mortas. Presentes, mas impossiveis de tocar, sob pena de se esvaiarem em pó. Arrumadas na memória do seu dono, mas sem valor, sem vida, sem gozo. Não faltavam peças, mas o coração estava vazio, sem sentido, sem destino.

O ciclo fechava-se a pouco e pouco. O coleccionador percorria o seu mundo sózinho e dizia que se bastava a si próprio, com uma dor surda a bater-lhe no peito. Nada o demovia da sua cegueira por tanta responsabilidade e tanto trabalho de vida suado. Isolava-se, fugia de si e dos outros, refugiou-se dentro de si e cristalizou no tempo.


Acordou um dia, sem saber como nem porquê, no meio de um deserto. Com tanto para dar e só. Muito só. À volta, os ventos reconstruiam dunas e o deserto quase respirava. O calor exterior, insuportável, da vida real despertou o coleccionador.

Percebeu, ainda que tarde que nem tudo estava perdido. Desmanchou devagarinho cada colecção, quebrando os encantos associados, limpou peça a peça redistribuindo a quimera acumulada e recomeçou a caminhar para a vida com as mãos vazias, o coração limpo e a alma por cima a cantar, cada vez mais alto em direção ao sol, lá em cima. Era novamente feliz.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Natal...

Mais uma ida às caixas para procurar os anjinhos, as bolas e as fitas. Pousar as figurinhas do presépio aos pés da árvore que teima em ser verde e dourada, num espírito de paz, amor e familia. O frio lá fora enregela-me sempre a alma nesta altura do ano. Sempre preferi palmeiras e pés descalços a sapatos molhados e camisolas de lã que pica. Mas o que me mata MESMO (e não é só este ano) é aquele constante frenesim de espalhar esperança empacotada entre prendas compradas à pressa e que pouco têm de ternura e calor humano.

Por vezes, gostava de ser mais tolerante perante a adversidade e a previsibilidade emocional, mas a vida tornou-me aguçada, fria, desprendida.

Desisto deste discurso. Vou à procura de tudo a que tenho direito.Mereço ser feliz.

Para o ano haverá mais.Muito mais. Porque eu quero e mereço.

domingo, 29 de novembro de 2009

Desta vez, é tipo "O SEGREDO" visto por uma gaja

Abram e percebam que há muitas formas de fazer magia só com um lencinho vermelho...mas não é para qualquer um. É por estas e por outras que as GAJAS não são mulherzinhas. Nenhuma mulherzinha teria o estomago no devido sitio para fazer o numero de magia com tanta descontração.

Há uma ENORME diferença entre um espectáculo sórdido de mulher vulgar e a inteligência (sim, inteligência) de fazer um truque de magia e prender a atenção de um publico misto com tão pouco.

http://www.youtube.com/watch?v=TiGbZWJWVX8


VIVA LA VIDA!!!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Só para avisar...

Só para avisar que ultimamente, não obstante a crise, o fatalismo nacional e a má criação com que os portugueses continuam a servir as pessoas, ando muito bem dispostinha, obrigada. Escusam de conjurar pelos cantos e imaginar filmes foleiros, parvos e infantis, porque EU DECIDI que não me vou deixar levar pela má-onda e que TUDO VALE A PENA, desde que se queira ser feliz...até com quase nada.

Voltei a rir até me saltarem as lágrimas dos olhos, recuperei amizades velhas e novas que andavam a fazer-me falta ao coraçãozinho e dediquei-me de corpo e alma a quem me merece. Os indicios tardaram a aparecer, mas confirmei que a felicidade é só MESMO para quem a sabe semear, plantar e cuidar. E quem não a tem dentro de si ou não sabe procurá-la, acaba feito papel de rebuçado amachucado.

Temos pena, mas já dei para esse peditório e não tenho mais a pretenção de continuar eternamente a ajudar a desmanchar esse traço de carácter tão lusitano. Cansei-me da velha máxima com que crescemos neste cantinho da Europa, em que temos de ajudar aqueles que não têm a força necessária para mudar nada na sua vidinha. Para mim, chega. Para isso, é que há homens e mulheres que estudaram a ciência exacta para aliviar essas dores e formas de estar e ainda são pagos por essa especialidade. Qual depressão, estado de alma, "mal de vivre" que assola tante gente à minha volta de idade supostamente adulta! Meu Deus! Nunca iria acreditar se me tivessem afirmado há alguns anos atrás, que esta forma de estar iria alastrar qual doença contagiosa e TANTA GENTE se sentiria mal  em envelhecer.

Portanto, é só para avisar que sim, ando de bem com a vida, vou bem, obrigadinha e recomendo-me.


Fiquem bem

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Hoje apetece-me ser malcriada....

Para quem conhece a campanha da Nicola Cafés esta podia ser uma das frases...





sábado, 7 de novembro de 2009

Deixemo-nos de ser vitimas...

Estou a começar a ficar outra vez muito "portuguesa na alma". Eu explico. Estou outra vez com aquele sentimentozinho parvo de me vitimizar e de pensar que só me acontecem a mim coisas que não acontecem a mais ninguém. Tenho de mudar de atitude porque isto assim não me leva a lado nenhum. Daqui a bocado sou digna daquelas palmadinhas nas costas e de recadinho de ouvido tipo "deixa lá que isso passa!" e que são aqueles conselhos que eu SEMPRE abominei.

Não sou perfeita nem pretendo ser. Pelo contrário, ADORO ser imperfeita. Adoro não entrar naquele molde de mulherzinha perfeita, com a travessa do jantarinho fumegante numa mão enquanto a outra afaga o penteado e ainda com tempo para dizer alto e bom som: "Meninos!!! Vamos para a mesa". Que se levante a primeira idiota deste estereotipo e se chicoteie por ter habituado o seu pequeno mundo a tanta perfeição. Isto de ser mãe, esposa, filha, amiga e colega não deveria ser tão ignorado assim. Fazer a gestão de um trabalho doméstico preparando menus semanais diferentes consonte épocas do ano, capacidades financeiras e com um tempo limite de execução entre o banho da criançada e fritar os bifes é digno de um MBA de qualquer especialidade. E um modelo de vida completamente estupido.

Mas o que me cansa mais é mesmo aquela imagenzinha de tentar culpabilizar as mulheres pelos males do mundo tipo " Eu não assumi porque ela não estava preparada para a situação!" ou pior ainda " Não posso fazer isso porque ela é muito frágil e não se aguentava sózinha". É por causa destas atitudes e das "mulheres vitimas" que apanham as outras todas por tabela...NÃO ! Não quero ter nada a ver com esse clube de galinhas que acham que assim o mundo gira melhor, e sobretudo à volta dos seus próprios interesses, nem que isso custe adiar tudo o resto, inclusive a sua vida e a dos que a rodeiam. É o cumulo da manipulação emocional.

Gosto mesmo é de ter tempo para mim (sem remorsos), dar prioridade a alguma alegria e descontração (o que importa na vida é SER, não é TER), fugir da rotina do direitinho e do certinho de vez em quando (desaparecendo dois ou três dias sem dar explicações), não pensar que sou indispensável (toda a gente o é, mais tarde ou mais cedo), ouvir amigos ou música de qualidade...porque a vida não se contabiliza com o padecimento do passado e o adiamento do sentir. Tempo de sobra para mim e não falta de tempo para o resto.

Não quero provar nada a ninguém porque não vai haver diploma nenhum no fim, nem melhor compensação do que o que sinto agora e aqui. E o sabor interior desta liberdade e independência não me enjoa. Pelo contrário, fico mais sexy, mais invejável e rejuvenesço.

Não quero ser vitima da vitimização das outras e pior!, da inveja que lhes provoco.

Como diria um amigo meu: Sejam sáudáveis. Comam pessoas com fibra.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ai que o fado não acaba e não há maneira de eu encontrar trabalho!

Isto de se ser portuguesa desempregada e viver neste cantinho à beira fado plantado (ia trocando as vogais), é preciso ter formação universitária. Já cá cantam 6 meses, 320 CVs enviados, 2 entrevistas e mais 2 nims, e eu para aqui largada e sem ocupação. Mas lindo, lindo, foi a senhora muito amável e prestável do Centro de Emprego a dizer-me que eu era MUITO organizada, MUITO profissional e MUITO simpática e eu quase a responder-lhe que "sim, senhora. Pois sou. Mas não posso trocar isso por talões de desconto no supermercado!!!" É sempre bom confirmar o que somos, mesmo que não nos possam ajudar.

Ai que fado este de ter tanto talento e tão pouca oportunidade num país cheio de Idolos e Novas Oportunidades.Que fado este de correr de lingua de fora Lisboa acima e Lisboa abaixo, saindo de vez em quando para uma entrevista no Algarve ou na Beira Interior e voltar com as mãozinhas a abanar, a abanar  com um "Nós telefonamos...." que nunca chega.

Para quê curso superior, 4 linguas bem lidas, faladas e escritas, conhecimentos IMENSOS de informática, boa vontade para trabalhar em áreas que não conhece (mas até arregaçava as mangas e fazia estágio não renumerado), espirito de conhecimento e sofrimento, capacidade de polivalência e experiência de mercados internacionais, se no fim disto tenho idade a mais ou experiência a mais ou sou bastante gira e com bom aspecto (já mo disseram, JURO)?

Só faço um unico desejo e pequenino: que alguém neste Portugal, nesta Europa, neste Mundo, neste planeta Terra por algum acaso de vida, destino ou lei de atração me queira ver e ouvir 10 minutos para eu mostrar aquilo que sou capaz e eu poder começar a trabalhar asism que possivel.

Obrigada aos que passarem palavra...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Viva o novo riquismo linguistico!

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!


As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da acção educativa'.

Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.

O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';

Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'

Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';

As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.

Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'

Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)

As putas passaram a ser 'senhoras de alterne'.

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.

Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.

Boa semana

sábado, 19 de setembro de 2009

Há quase um mês sem escrever e hoje estou cheia de preguiça de pensar

Morre lentamente, Pablo Neruda




Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade!!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Crise

"A crise é a melhor benção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. Não pretendemos que as coisas mudem, se fizermos sempre o mesmo.
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera-se a si mesmo sem ficar "superado". Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e respeita mais os problemas que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

Uff! Ainda bem que este pensamento foi escrito por Albert Einstein! Embora continue a não perceber a teoria da relatividade, já não me sinto tão só na minha busca pelo trabalho duro....porque isto de ter talento é dificil quando se tem capacidade para muito (e pelos vistos, ninguém procura ninguém assim para empregar), e pelos vistos não estava errada quanto à agonia e rotina que fazem parte da alma lusitana.

Deuses do mérito e dos desafios, dai-me forças para acabar este longo mês de Agosto e enfrentar o próximo mês com mais ânimo....

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Faz um ano por esta altura...que desgraça!

OK estive fora, embora estivesse dentro. Quer dizer, já voltei de vez à santa terrinha (because crise) e embora a inspiração para a desgraça fosse tremenda, e a vontade de continuar este blogge ENOOOORME, não sabia como havia de dar a volta ao texto.

Já deixei de estar no Médio-Oriente, embora não tenha deixado de ser loura e vou mesmo continuar a escrever por aqui enquanto não sair nenhuma lei mundial a taxar esta liberdade de respirar letras para o papel. Talvez mude um bocadinho o estilo, visto que em Portugal, as situações são sempre mais à flor da pele, mas pelo ritmo dos meus neurónios pode até ser engraçado fazer um relato mordaz de uma loura de volta a este horrivel país parado e à beira-mar plantado.

O espirito de "Agosto em Lisboa" está no ar. A Baixa está cheia de turistas escaldados e o metro fervilha de emigrantes suados e de mapa na mão. Os alfacinhas que sobram (um tanto murchos pelo calor que se faz sentir) tentam dar o seu melhor na aparência, mas decididamente ficaram os mais feios e mais tristes. Nisso não há volta a dar.

Saí ontem com o Antunes e fomos jantar a um restaurante no Bairro Alto que prima pela excelente comida há anos, associada a um serviço de mesa impecável.

Logo à entrada, gostei de ter sido mimada com "Por onde é que tem andado?" por um dos donos que fez o efeito de lambidela no ego de como continuo a ser uma alfacinha de gema. Os restaurantes na sua generalidade, e sobretudo os portugueses que QUEREM vingar em qualquer ramo profissional, têm de perceber que ou têm uma memória digna de porteiro de discoteca e se lembram exactamente das pessoas que voltarão SEMPRE para continuar a fazer negócio, ou então o melhor é pagarem a alguém para o fazer por eles e IMPECÁVELMENTE, porque senão não há empresa que se aguente à crise.

Há qualquer coisa nessa área a ser feita e depressinha senão o país afunda-se e valha-me Deus que também se afunda aquela gente de talento nas suas respectivas áreas e que ainda não emigrou de vez!

Tudo isto para lembrar que Portugal não é o unico país que está em crise, nem os portugueses o povo que está a sofrer mais (acabei de confirmar que esta deve ser a parte árabe da nossa personalidade lusitana e que é tão negada e escondida).

Por favor! Há turistas que gostam da nossa hospitalidade, da nossa comida e da nossa santa terrinha e ainda bem que vêem para crer, passam cá uns dias e voltam para casa um bocadinho mais felizes! E se Portugal tiver que ser um país TOTALMENTE turistico, que seja!!! E que haja trabalho para todos!

Por isso, e como diz Raul Solnado (que não morreu, foi só tratar de um assunto ao Céu e talvez demore um bocadinho): "Façam favor de ser felizes" que a vida são dois dias...

sábado, 14 de março de 2009

DUBAI OUTRA VEZ.....NÃO PODE SER A ULTIMA

Mais uma temporada sem dizer nada, sem escrever uma linha e honestamente, pela primeira vez desde que aqui venho, com a alma pesada. A crise mundial também chegou aqui e a empresa portuguesa que me tinha dado esta oportunidade profissional vai temporariamente deixar o Médio-Oriente. Após a consternação e o desagrado de ver a missão encetada ficar sem porto seguro, esta nova experiência está "on hold"e neste momento, tento a todo o custo, encontrar qualquer solução que me faça ficar aqui, entre o deserto e a àgua salgada.
Entre uma Europa que se questiona e o Médio Oriente que arregaça mangas e mantém pensamento positivo, tento atrasar o meu regresso o mais possivel, pela curiosidade desta cultura milenar qeu tanto deixou no nosso país e que me faz repensar a minha história, a minha vida. Quero ficar para falar esta lingua tão antiga e tão própria, perceber a poesia e a humanidade da religião, misturar-me com as gentes locais.
Espero que a próxima crónica continue a ser sobre esta região.

sábado, 24 de janeiro de 2009

QATAR


2 meses sem escrever nada, mas com explicações plausiveis. Um mês em Portugal com tudo o que foram festividades natalicias e afins: comer, comer, comer, familia e amigos, matar saudades e contar um pouco da vida do lado de lá/cá, retemperar forças. Muito Inverno, muito frio, muito drama, muita emoção portuguesa....enfim, o trivial do rectângulo à beira-mar plantado.

E de repente, vésperas de partida, reuniões de última hora, stress de encaixar mais qualquer coisinha na mala minúscula (porque a grande já ficou no Dubai há muito tempo) e aquela impressão na barriga que acontece a qualquer viajante antes de partir.

Desta vez, passagem de uma semana pelo Qatar, por obrigações profissionais. Rodeada de 3 homens diferentes entre si, a todos os niveis, não sou propriamente o protótipo cultural árabe. O Raul, com quem faço equipe de trabalho no Médio Oriente, o Cadu, brasileiro ENORME realizador de cinema e o Little John, assistente de produção, que eu já conhecia de outros filmes. A missão revela-se dura, mas divertida ao mesmo tempo. Fazer uma semana de filmagens num país desconhecido, onde não conhecemos ninguém, excepto o cliente.

À chegada ao Qatar, flash sobre o país: parece os Emiratos, mas aqui só se fala árabe e pouco ou nada aparece traduzido em inglês. Não há sinalética, talão de restaurante ou outro papelinho essencial para não ficarmos sem referência nenhuma que tenha sempre por baixo letras ou números nossos... estamos MESMO num país árabe.

Os qataris são amistosos, embora tenha ouvido algumas histórias de arrepiar cabelo. Adoram o seu país que é independente, são orgulhosos do seu estilo de vida que tem o total apoio da casa real local, ajudando a vida de qualquer qatari (e muito!) desde o nascimento. Por exemplo, é-lhes concedido gratuitamente terreno para construir a casa de familia, empréstimos com condições excepcionais (quase sem juro), electricidade, água e saúde tudo de graça e bolsas de estudo para sairem para fora do Qatar e sempre com emprego garantido..... é tão parecido com Portugal!!! Ah! É verdade esqueci-me de mencionar que todos os qataris recebem parte da receitas do Estado devido ao petróleo. Isto foi-nos dito por um libanês que vive no Qatar há 3 anos.

Mas a jóia da coroa do Qatar é a famosa estação de televisão Al Jazeera, que tem a sua sede em Doha. Esta estação tem uma história curiosa (obrigada Miguel) que vale a pena contar.

A Al Jazeera – “A Ilha”, em árabe – é hoje uma rede internacional. Tem 35 escritórios espalhados pelo mundo, 1 site bilíngue e 4 canais, um deles em inglês, lançado em novembro de 2006 e transmitido em 4 países: EUA, Catar, Malásia e Inglaterra. A fama no Ocidente começou depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, quando a estação divulgou vídeos de Osama bin Laden, facto que lhe rende críticas até hoje.

A Al Jazeera, transmitida 24 horas por dia, tem cerca de 70 milhões de espectadores no mundo – 50 milhões no Oriente Médio. Foi nela que, pela primeira vez, um judeu israelita falou hebraico na TV árabe. A programação inclui talk shows que discutem religião, documentários sobre as mazelas dos governos vizinhos, cenas do quotidiano de guerra. Tudo isso provoca a ira de governantes, autoridades, oposicionistas. O slogan “uma opinião, outra opinião” parece irritar todos os lados da notícia.

A TV do Emir

A história da emissora que mudou o padrão mediático do Médio Oriente envolve dinheiro do petróleo, know-how britânico e árabes com vontade de fazer algo diferente. Tudo começou na Arábia Saudita, em 1994, com um acordo entre a rede inglesa BBC e a emissora saudita Orbit Communications. A idéia era realizar uma versão árabe do conteúdo internacional da BBC, até então veiculado em inglês para o Médio Oriente. Mas o acordo foi desfeito antes do previsto. O padrão editorial da rede britânica – que não admitia censura estatal – não agradou nem um pouco aos sauditas. Eles preferiram desfazer o pacto a ter de assistir a entrevistas dos opositores de seu regime na nova emissora.

Cerca de 250 profissionais árabes treinados pela BBC, que apostaram tudo na idéia de levar notícias sem censura ao público do Médio Oriente, ficaram temporariamente desempregados com o fecho do canal. Mas o fim da parceria chegou em boa hora para o ambicioso xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, Emir do Qatar. O projecto de fazer uma rede de TV independente – a imprensa árabe sempre foi controlada pelo governo – era a maior de suas reformas. Hamad virou o Qatar a partir de 1995, quando, por meio de um golpe, tirou o seu pai do trono e tornou-se rei. No poder, concedeu direito de voto às mulheres e aboliu a figura do ministro da Informação, que censura toda notícia que circula dentro dos países árabes.

Pois é, agora imaginem onde eu estive em gravações. Dentro dos estudios da Al Jazeera! Mas no Children Channel.... só para dizer que foi aqui que eu confirmei que, de facto, tenho tido a sorte de conhecer pessoas excepcionais ao longo desta minha aventura árabe. É a melhor parte deste trabalho. A pior é mesmo dormir pouco, comer ainda menos e ficar com um feitio de cão que ninguém me atura porque só me apetece gritar de cansaço. Aliás aprendi a primeira palavra verdadeiramente interessante em árabe. É "YALLA". Claro que não se escreve assim, mas o som é este mesmo. E para acabar esta crónica, aqui vai a tradução literal: "Despacha-te! Mexe-te! Faz qualquer coisa! Vamos embora" Como podem imaginar pelo torpor local, é uma palavra que dá imenso jeito dita várias vezes seguidas.

Ma'a salaamah (Até à próxima)