Hit the world road

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

MUSICA DOS VELHOS TEMPOS, RUAS E PRÉDIOS

Deram-me indicação de uma rádio por net absolutamente extraordinária e que percorre a minha vida sempre que estou agarrada ao computer. Dá pelo nome de Live365 - online radio station e passa imensos géneros de musica, podendo ser escolhida consoante o nosso estado de alma. Quando me quero concentrar ouço Whispering, musica tocada só com piano e que abrange desde o clássico a toda a gama de musica moderna. Se estou com vontade de musica fácil, claro que opto pela Easy Listening, mas a minha preferida é a que dá pelo sugestivo nome de Dancing Queen Radio e que me faz voltar atrás 25 anos!!!!!! UAU!!! Melhor que creme para a pele, porque passa TODAS e digo bem, TODAS as musicas que eu dançei até cair, nas noites longas das minhas saídas em Lisboa. Ai que bom que é ouvir Pet Shop Boys à mistura com New Order, Gloria Gaynor, Dionne Warwick ou Donna Summer.......ADORO!!!! Impressionante o que conseguiram reunir para pôr as Dancing Queens de todo o mundo a mexer as ancas, rebolar o peito ou esticar os braços para o céu num hino à alegria, tantos anos depois de terem sido sucessos de Verão.

Penso nisto quando vou ao meu cabeleireiro no Dubai e que parece saido de uma comédia kitsch porque tem manicuras filipinas, cabeleireiras marroquinas e clientes iranianas. O pior como podem imaginar é quando entra esta portuguesa descabelada, que agarrada a uma escova canta um dueto de ABBA com quem a quiser acompanhar, sob o olhar carregado de censura da patroa, que não se atreve a contrariar esta cliente. A menina que trata de mim (e que se chama Elsie do alto dos seus quarenta anos asiáticos) prefere os Carpenters, mas também sabe metade dos refrões das canções da altura e acabamos sempre a rir e ela a puxar-me o cabelo com a escova já regressada à sua verdadeira função de pentear.

Um destes dias ao cruzar um negro que vinha a sair de uma obra e que trauteava uma canção que também me estava no ouvido, acabámos os dois a sorrir e a repetir duas vezes o mesmo refrão: "don't worry...be happy". É tão engraçado imaginar que de repente cruzamos uma pessoa do outro lado do mundo e no meio do nada, temos esta cumplicidade musical. Isto tanto funciona com musica pop como com musica clássica.

Esta tarde, quando apresentava numa primeira reunião um dos filmes que fazemos para promoção imobiliária e trauteei sem consciência a musica que o acompanhava, recebi o seguinte comentário do cliente: "Deve gostar muito do que faz. Quem canta a trabalhar, demonstra paixão, empenho e à-vontade no produto". Dito por um paquistanês director de desenvolvimento de um projecto do tamanho de uma cidade inteira (tipo Almada), só lhe pude responder que em Portugal, existe um provérbio antigo que diz que quem canta, seu mal espanta. Foi uma forma diferente de quebrar o gelo numa situação de trabalho que estava um tanto tensa e que acabou a rolar de descontracção.

Nos taxis do Dubai, também passam musica do século passado em algumas estações. É divertido sermos nós a espetar o pescoçinho para a frente e deparar com um motorista a cantar baixinho enquanto guia no meio da grande confusão de trânsito do Dubai, em que os semáforos demoram quase 5 minutos a mudar de côr. Deve ser porque há poucos sinais de trânsito. Ainda não acabaram as obras todas e até lá, não há nada a fazer porque todos os dias e noites, o sentido das estradas pode ser alterado. Uma pessoa acorda e de repente, quando sai para a rua de carro ou a pé, tem um, dois ou três desvios, porque de noite, houve uns malandros que em nome das obras em que estavam empenhados, precisam daquele bocadinho de estrada ou de passeio e lá vamos nós todos em gincana. Um verdadeiro delirio!!! Ninguém se pode queixar de rotina nesta latitude.

E os prédios? É muito importante saber o nome dos mais emblemáticos (que são todos porque o Dubai tem os prédios mais incriveis do mundo) e isto porque como não há ruas, nem numeros de porta, não há entrega de correio. Logo não existe a profissão de carteiro no Dubai! Só estafetas que entregam a correspondência directamente numa caixa postal ou numa recepção de prédio. É muito lógico, porque as obras ainda não terminaram e quando terminarem logo se vê se vão existir carteiros ou se já não vale a pena, porque já todos os locais se habituaram a viver sem carteiros.

Imaginem o engraçado que é descobrir onde estão instaladas as empresas. Falamos com o cliente, ele envia-nos um mapa de localização da zona, com indicação do prédio à esquerda e à direita e o andar. Para bom entendedor, meia palavra basta. Ás vezes, nem isso!!! Dizem só qualquer coisa como: "Está a ver onde fica a torre ao lado do Hotel Shangri-La? A nossa empresa fica do outro lado da avenida, entre o Kentucky Fried Chicken e o restaurante libanês. É muito fácil. Nós estamos no 25º andar."

Quem disse que eu não me ia divertir no Dubai?