Hit the world road

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O PAÍS

Hoje com um bocadinho de tempo, vou tentar fazer um resumo do que ainda me falta dizer sobre este emirato. O Dubai faz parte de um conjunto de 7 emiratos, cada um deles regido por um sheik que por sua vez, visto a proximidade geográfica, faz parte de uma grande familia dominante. A hierarquia e poder são absolutos, no sentido em que existem estes laços, não impedindo uma visão estratégica para a zona em si, com evolução rápida, mas em que cada pais tem os seus recursos próprios. Independentemente da tradição árabe, sente-se muita influência inglesa, que foi marcante até à constituição dos emiratos, noas anos 70.
Há fotografias do sheik em todo o Dubai e bastante informação sobre o seu trabalho nos media e quer se leia um jornal local em inglês ou em árabe. A televisão local e por cabo tem cerca de 40 canais, em que existem programas em árabe e nas nacionalidades mais presentes no país: inglesa e indiana. Uma grande parte da população local emigrante percebe uma ou as duas linguas mais usadas. Das novelas de 3 horas produzidas em Bollywood até provas dos Jogos Olimpicos a decorrer, passando pela campanha para as presidenciais, nunca nos sentimos longe de casa.

Os supermercados de bairro são limpos e correctos, mas devido ao calor e poeira constante das obras, não há mercearias, padarias ou pequeno comércio local. Os centros comerciais são enormes e decalcados dos ocidentais, sem chegarem ao mau gosto americano e com gama de produtos e marcas que toda a gente conhece: Mango, Massimo Dutti, Pizza Hut.... e claro tudo o que é luxo: Cartier, Vuitton, Sony, etc.

Os carros na sua maioria são enormes, modernos e robustos, porque aqui vive-se muito dentro do carro pela distância. Encher um depósito custa 10 Euros e um automóvel é muito barato comparativamente com a Europa.

As casas é que não são casas. Dubai é uma cidade com vários bairros de arranha-céus, qual dele o mais ousado e alto. Acho que já disse que o trânsito muda todos os dias porque estão sempre a construir. No ar, ouvem-se martelos e no chão, descarrega-se material de construção. Grupos de operários devidamente equipados trabalham sempre e sempre:chineses, paquistaneses nas obras. Nos serviços, há sobretudo filipinas que servem refeições, cafés, registam compras nas caixas de supermercado e arrumam prateleiras.

Não sei onde andam os ocidentais. Só os vejo à noite nos cafés e nos restaurantes ou numa loja de conveniência. Nos centros comerciais e recepções de hoteis de cadeias internacionais, reunem-se nacionalidades e discutem-se negócios.

Há constantemente uma sensação de futuro, de andar para a frente. Mas a linguagem corporal é muito contida. Nada de grandes efusões emocionais, abraços ou beijinhos. Existe uma distância corporal, só podendo os de fora avançar a mão para cumprimentar se o dubaii a estender. Tudo o resto pode ser considerado ofensivo. As mulheres não devem suster o olhar quando um homem as fixa, mas em ambiente de trabalho, se não o fizer, pode ser tomada como subserviente. Não podemos como mulheres usar decotes, sais curtas, calções ou roupa insinuando curvas ou formas do corpo. Há mulheres que trabalham vestidas à ocidental, outras com a cabeça tapada, outras totalmente tapadas e outras ainda mais tapadas, todas de preto, só com olhos de fora.

Enfim, um mundo....

Volto logo à noite a Portugal.

domingo, 24 de agosto de 2008

Outros mundos.....

Já percebi porque não há cães no Dubai. Podiam fazer cócó e chichi em todo o lado e se as pessoas quisessem rezar, não sabiam onde se iam colocar porque o chão estava impuro.

Já percebi porque a lingua oficial do Dubai é o inglês. Tanta nacionalidade junta, num país de oportunidades para todos só podia ter uma lingua comum para não haver ninguém a dizer que não gostava e não queria ficar e que era um infeliz e um refugiado, etc.

Já percebi porque é que as pessoas gostam de viver aqui mesmo sendo estrangeiras. Só vem quem suporta o calor, quem sabe que a vida é cara, quem percebe que afinal se pode viver num país diferente e com um estilo de vida bastante bom. E para isso, é preciso trabalhar muito, respeitar os sheiks que reinam por estas terras, mas tem-se segurança, é-se tolerante com outros, porque aqui somos todos outros e acabamos por nos sentir em paz connosco. Olha-se à volta e somos todos outros: chineses, alemães, ingleses, pakistaneses, franceses, holandeses, egipcios, libaneses, canadianos, americanos, portugueses, filipinos ou espanhois....não vale a pena! Somos todos outros, que não do Dubai.

Será isto outro mundo? Outro planeta? Tanta mistura e tanta entreajuda. Tanta cor de pele e tanto sorriso. Vejo o rosto asiático e ele vê o meu de ocidental enquanto todos sorrimos para um africano. Até parece que estou no meio de uma cantiguinha de crianças com todos de mãos dadas. Se eu contasse isto a alguém no meu cantinho à beira-mar plantado , ou haveria bocejos ou alguém nem iria acreditar. Também é para o lado em que eu durmo melhor.

Não tenho que justificar esta imensa vontade de fazer parte deste carrocel com uma dimensão de casas que se erguem até ao céu em uma unica estrada de cinco faixas de rodagem, que terminam na areia e que me poem tonta cada vez que olho para o céu. E quando perguntamos aos unicos verdadeiros nativos que são uma minoria, a resposta intriga: "Não acha engraçado? As pessoas falam sobre a nossa forma de estar no mundo, mas no fundo além de nós sermos felizes, há cada vez mais gente a querer vir viver para cá. Não me diga que é do calor. Eu acho que é mesmo porque se sentem bem aqui." E depois sorriem.....

É incrivel ter esta visão das coisas. Quem quer andar tapado, anda. Quem quer andar destapado, anda. Mas ninguem vai tentar ser desrespeituoso perante um paraiso destes! A vida cresce muito depressa por aqui. Todos os dias os acessos à cidade sofrem alterações e tudo segue em frente, sem sofreguidão. Só um bocadinho de pressa. Mas sem stress.

Vou ficar a ver mais um bocadinho para ver se se confirma esta versão ou se há outra.