Hit the world road

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mulherzinhas, Senhoras, Gajas e Outras que tais

OK, confesso. Passado este tempo de jejum e reflexão, descobri que estava com algumas saudades de escrever só para mim, mas sempre com aquele sentimento muito egoista de ansiar por fama mundial e ser aclamada com palmas pela minha prosa.

Felizmente que as melhores (mas também as piores) criticas a esta exposição intima, mas sujeita a toda a inveja possivel na mente perversa das pessoinhas que nos rodeiam todos os dias, partiram dos meus amigos mais intimos, olhos nos olhos. Foi um banho de consciência de que ainda me falta um bocadinho para falarem de mim na praça publica.

Definitivamente, o mundo está a mudar. Já não pertence aos homens, mas às mulherzinhas, senhoras, gajas e outras que tais. Passo a explicar.

Todo este grupo feminino que aparece por todo o lado, mesmo onde não é convidado, ganhou um poderio que não sei porque carga de água se julga detentora de toda a verdade, de toda a dignidade e de toda a liberdade. Sou a primeira a declarar-me culpada quando preferi exagerar a minha emocionalidade para alcançar os meus fins, usando de monólogos agressivos, malcriados e cheios de mau feitio, acrescentando-lhes boa dose de nervos à flor da pele e litradas de choro suficientes até ficar sem ar e com os olhos a picar. Acabava por não trazer nenhuma solução para cima da mesa, mas de certa forma, ao ter exorcisado as minhas hormonas de cadela assanhada, pensava no meu intimo que tinha feito um favor à humanidade e à minha familia mais próxima.

Quando passei esta fase infantil e perversa de aprender a ser mulher, já tinha perdido os 6/7 anos mais interessantes do inicio da minha vida adulta. Lembro-me do meu pai olhar para mim com ar espantado por eu falar uma lingua de um planeta distante (e ele conhecia mundo), ficar um minuto a pensar se havia mais alguma coisa a dizer, tirando propôr-me um chá para me acalmar ou uma torrada para tirar a dor de barriga, e não saber o que concluir de toda aquela crise existencial.

À medida que fui ganhando experiência e fazendo um upgrade em relação a todas as situações diárias que passam pela vida de cada mulher, descobri que se destacava logo um primeiro sub-grupo pouco subtil, bem parametrizado e que repetia o modelo das mãezinhas com muito decoro e fidelidade: as mulherzinhas.
Meninas que cresceram a ver outras mulheres à sua volta a tecerem exemplos de virtude e disciplina moral perante a sociedade, mas que no intimo das suas casas, poderiam revelar-se poderosas leoas que caçavam diáriamente a atenção e a estabilidade do parceiro masculino, com minucia e pericia, ora levando o seu amado aos picaros ora empurrando-os para a lama. E no meio disto, nasciam ódios, remoiam-se amarguras de ranger dentes e quebravam-se encantos de castelos e principes encantados. Queriam ser senhoras, mas eram só mulherzinhas.

Porque Senhoras foram as nossas avós, dignas de beija-mão, capazes de engolir sapos do tamanho de bois e cuspir bois do tamanho de sapos, sem deixar de dar ao mundo lições de humildade, moralidade e criatividade para aturar vidas ocas e rotineiras, em tempos que não permitiam sequer pôr em questão a palavra de qualquer macho dominante ou pensar em responder a provocações conjugais.

Hoje existem gajas. As gajas são mulheres a tempo inteiro, quais super heroínas de banda desenhada, que gerem inumeras situações de vida desde filhos que se recusam a vestir de manhã, a levar os pais a consultas médicas enquanto consolam amigas que lhes choram de solidão no ombro e amigos que não sabem o que vestir ou fazer no próximo encontro pós-divórcio com uma conquista no horizonte. Entre uma vida profissional intensa onde se debatem previsões de orçamento à mistura com sopas engolidas à pressa porque a hora de almoço da gaja estica sempre para ainda ir procurar com a colega de trabalho, o melhor fato de banho para levar à piscina do ginásio onde pensa emagrecer dez quilos até ao Natal, esta super-mulher pensa se tirou alguma coisa para o jantar. As gajas não fazem cenas de ciumes (é falta de autoestima), não rebolam pelo chão a implorar casacos de pele (compram-nos elas se realmente quiserem), não dependem dos homens para se sentirem amadas, nem fingem sentimentos que não sentem.

E por fim, há as outras que tais. Que não têm nada dentro delas, nada para dar aos outros, que a vida delas não lhes chega mas que acham que assim vão longe. Que de tanta asneira e vontade de agradar, nunca chegam a lado nenhum. Gastam-se em ilusões de cama e amaços, erotismo descartável e libido aos pulos, pensamentos doentes e manipuladores, maldade e lingua venenosa, corpo feio em mente distorcida e vontade de se entregarem a quem quiser, esperando que o homem as complete e seja tudo para elas. Dizem-se independentes e inteligentes, mas são frageis, perversas e só se relacionam com homens que estejam à mesma altura de cama ou inteligência. Pena por estas mulheres que dão pior fama ao resto das outras e piedade pelos homens que se enfeitiçam por esta espécie.

Decididamente, não está nada fácil hoje em dia confiar em quem quer que seja. Mulher ou homem.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Voltaram todos!!!Começou Setembro

Ai que bom! Já se sente a rua cheia de gente alienada que não percebi muito bem se chegaram a descansar no Verão ou se nem tiveram tempo de descomprimir e toca de voltar ainda com mais stress...um encanto. São as buzinadelas na rua, as cotoveladas no metro, as pressas no supermercado para chegar a correr antes de mim à caixa e ganhar uns centimetros de espaço...UAU!!!!! Que delicia. Gente civica, bronzeada aos bocados e organizada. Decididamente devia ter esperado pelo curso de Sociologia e seguido por essa via que é a mais divertida para fazer esta observação do people que me rodeia. Não há cu para tanto desconforto pessoal nacional.

Oh gente portuguesa! De uma vez por todas, façam um favor a vocês próprios e interiorizem que são responsáveis pelo mal que vos acontece, bolas. Assim, não vamos lá!!Não recomeçem no carpir desolado, a emocionarem-se e a exigir mais, quando no fundo, no fundo, vocês são aqueles que menos querem mudar o que quer que seja. Aproveitem o regresso a casa para mudarem. De vida, de estilo, de atitude. MUDEM!!

Felizmente que o meu bairro continua igual a si mesmo, simpático e velhinho, com educação, sorridente.
Adoro chegar ao café e ouvir. "Olá menina. Os doidos já voltaram". E rio-me, cumplice com com a minha gente.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Depois do Santo António e do Mundial...

Finalmente posso voltar à minha sanidade mental. Já se acabaram os Santos Populares e o Mundial. Livra! Estava a ver que nunca mais chegava o Verão, cheio de fofoca pirosa e gente feia à beira-mar a ver se chega a ser bonita até ao fim de Agosto.

Pois é, em termos profissionais, os prazos mais imediatos continuam infelizmente a depender de terceiros: a reunião para ser informada sobre criação de empresas pelo meu Centro de Emprego (o técnico responsável só atende por marcação. Pior que urgência de hospital), mas também os meus eventuais clientes para compra de produtos portugueses, que ainda não sei se querem ou não arriscar na exportação.Viva a crise! No comments...

Em termos individuais, a vidinha adiada sine qua non, porque o mundo não está para brincadeiras para gente positiva, divertida e com vontade de trabalhar depressa e bem. É sempre suspeito lidar com uma pessoa como eu.

Isto está lindo, Os que têm emprego, dinheirinho no bolso e um telhado por cima da cabeça deprimem dia a dia, suspirando por melhores férias, melhores colegas e melhores ambientes de trabalho. E quem não tem nada em vista? Fica como? De olhos fechados para não ver nada de nada?

Em relação ás informações sobre a crise económica, adoptei um lema: só ler as noticias nos jornais, com duas ou três semanas de atraso. Para além de não ficar contagiada tão depressa pela paranóia colectiva que or artigos provocam, o tempo que decorrer até eu tomar conhecimento do assunto, já foi ultrapassado por outro assunto AINDA mais importante sobre o mesmo tema.

O melhor mesmo é passar por extra-terrestre até Setembro. Boas férias.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Prazos...

A vida das pessoas é feita de prazos. São os prazos profissionais, os prazos financeiros, os prazos emocionais...eu sei lá! São-nos pedidos dias, horas, termos a cumprir, a pagar, a esperar. E a gente lá vai devagarinho, contando os tostõezinhos, espremendo os miolinhos a ver onde arranja mais paciência, abgenação e engenho para aguentar tanto prazo, tanto fardo, tanta responsabilização.

Depois, vêem as surpresas más: um projecto sem pernas para andar, uma conta bancária que não estica mais, uma relação profissional moribunda e o repôr toda a nossa máquina humana a funcionar para que nunca paremos a pensar muito para não deprimir de uma vez por todas. E as perdas emocionais?  E o perdermo-nos de nós próprios? Um horror! O pior pesadelo. Passar ao lado de nós e não nos reconhecermos, nem nos cumprimentarmos e saber como vai a vidinha.

O mais dificil no empreendorismo é mesmo o sonho falhado e adiado. É o "esperar sentado", sem rumo, sem além, sem cadeira debaixo do rabo. E o problema está noutro lado. Nós não ficámos maus de repente e falhámos, mas o mundo gira tão depressa que de repente, passamos ao lado da nossa própria capacidade de resolução.E é também por isto que tantas situações se prolongam para além do fim. Já estão mortas, nós temos consciência disso, mas não as aceitamos como tal. A negação da realidade leva-nos a aguentarmos para além do limite, até ao ponto em que se torne insustentável e que saimos a correr desta ilusão e a realidade nos atropela.

Só arriscamos MESMO quando sabemos que há uma pequenina duvida em conseguirmos alcançar o que sonhamos. Se não pensasse assim, não assumia o risco à medida do que posso perder. Só pensando assim, tenho a leveza e a desemocionalidade para lidar com as minhas piores dificuldades, com determinação e humildade. Só assim sou persistente, porque estar quieta a ver e à espera, é a morte do artista. Um desperdicio de vida.

Desisitir à primeira dificuldade, não é inteligente. Mas insistir quando já não há solução, quando o jogo acabou, é. E é por isso que há prazos. Para reflectirmos e individualmente identificar um prazo, um fim de tempo para a resolução e parar. E mais tarde, começar de novo. Continuar noutra estrada.

Está a ficar calor. Definitivamente, vou apanhar sol. Já chega de tanto prazo de responsabilidade.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reler Shakespeare

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair a meio do vão. Depois de um tempo, você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas num instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que o seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são afastadas de si muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o deite fora quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama da forma que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Valioso tempo, basta-me o essencial - Mário Andrade

O valioso tempo dos maduros.

Contei os meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma taça de cerejas.
As primeiras, chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para educar pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na taça, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

domingo, 7 de março de 2010

Prova livre de Lingua Portuguesa 9ºano - Geração Phonix/TMNix/Vodafonix

REDAXÃO 'O PIPOL E A ESCOLA'

Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os Lesiades''s, q é u m livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.

Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?

Não se esqueçam de que alguns dos que escrevem assim poderão vir a ser Ministros da Educação, da Cultura e quiçá da Inovação.

Há quem defenda que esta forma de escrever é uma Inovação Ortográfica.

Socorro....

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Osho e os peixinhos vermelhos

Com a coragem vem a argúcia, a inteligência, a abertura, uma mente sem preconceitos, a capacidade de aprender - todas elas vêm juntas.


...quando tiveres de escolher, escolhe o desconhecido, o arriscado, o perigoso, o inseguro,...

Escolhe sempre o desconhecido e mergulha de cabeça. Mesmo que sofras, vale a pena - vale sempre a pena. Sairás mais crescido, mais maduro, mais inteligente."


Osho


Sempre que penso em Osho, lembro-me de ter lido não sei onde, um estudo cientifico que foi feito sobre os peixinhos vermelhos comuns, daqueles que muitos de nós tivemos numa altura da nossa infância, em aquários redondos. 

Os peixinhos vermelhos crescem em proporção ao espaço onde se movem. Se colocados em aquários, crescem pouco. A mesmissima espécie se colocada num rio poderá transformar-se num cardume de peixes de boas proporções que fará o orgulho do pescador que o conseguir apanhar.
 
Cada vez me convenço mais que devo ser um peixe fora de água lusa...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Imaginem - escrito por Mário John Lennon Crespo

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos.

Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.


Imaginem que país seremos se não o fizermos.

Obrigada Ana por me lembrares que Portugal poderia ser melhor

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria

Autobiografia (escrita pela própria há 2 anos e publicada no Jornal das Letras)

Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas.
Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente mania de acreditar que isso era bom.


Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.


E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.


Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora.


Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.


Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves.


Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).


Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.


Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.


Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e me tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.


Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, e sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores. Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi.


Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante.


Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.


Encontramo-nos no meu próximo romance.

Obrigada Cristina por me teres dado a conhecer esta senhora e o que ela escreveu. Vai fazer-me falta ler o próximo romance.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VIVER DESPENTEADA!

O mundo é louco, definitivamente louco.

O que é bom, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que nos ilumina a cara, enruga-a.
E o que é realmente bom nesta vida, despenteia...

Fazer amor - despenteia
Nadar - despenteia
Pular - despenteia
Despir-se - despenteia
Brincar - despenteia
Dançar - despenteia
Dormir - despenteia
Beijar com ardor - despenteia

É a lei da vida: vai estar sempre mais despenteada a mulher que decide andar na montanha-russa, do que aquela que decide não subir.

Por isso, aqui vai a minha recomendação para todas as mulheres: entrega-te, come coisas saborosas, beija, dança, abraça, apaixona-te, relaxa, salta, viaja, deita-te mais tarde, acorda cedo, corre, voa, canta, arranja-te para ficares linda e arranja-te para ficares confortável, admira a paisagem, aproveita e acima de tudo:

Deixa a vida despentear-te!

O pior que pode acontecer é teres de te pentear outra vez


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O adiamento é a forma mais mortal da negação

A nossa visão da vida torna-se muito estreita quando queremos que as coisas sejam de certa forma e não as aceitamos como elas de facto, são. Este tipo de negação funciona como um narcótico, e por consequência perdemos partes vitais da nossa experiência. É o medo da dor que provoca e sustenta esta separação de partes de nós próprios. E para evitar a dor, fechamo-nos a aspectos cruciais da nossa tomada de consciência. No entanto, apesar do bloqueio que criamos, esta separação interna consome-nos.

Por vezes, como individuos ou como membros de um grupo, sacrificamos a verdade para assegurarmos a nossa identidade, ou para preservar o sentido da pertença. Tudo o que ameaça o nosso sentido de segurança gera medo e ansiedade, por isso negamos, separamo-nos dos nossos sentimentos. O resultado final é um padrão desumanizador. Ficamos separados da nossa própria vida e sentimo-nos muito distantes dos outros.

Á medida que perdemos o contacto com a nossa vida interior, ficamos dependentes dos ventos fugidios das mudanças exteriores, perdemos o sentido de quem somos, daquilo que nos é querido e que valorizamos. O medo da dor a que tentamos escapar torna-se, de facto, no nosso companheiro constante.


Na arte de ser feliz, não há lugar para a negação pois o adiamento não existe. Com base na experiência e sem medo de nos sentirmos sós, mesmo quando amamos alguém, temos de saber interpretar e construir as nossas vidas com plena consciência da dor e do prazer.

Cultivar um coração aberto, inteiro e consciente trabalha a motivação, semeia boa vontade e bondade e move-nos em tdoas as direcções.

Esta é a verdadeira essência da vida.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Era só para avisar que...


Não é por pedir desculpas, que o mal se desfaz em pó e voltamos todos a ser amigos e com um sorriso estampado na cara. Bom mesmo, era não precisarmos de o fazer. Seria sinal de como temos cuidado na forma de falar e estar com os outros.

Embora uma responsabilidade moral pareça não ter fim, existem algumas missões na vida que de repente, ficam irremediavelmente cumpridas e sem retorno de objecção de consciência ou correção de qualquer tipo.

Quando se ama alguém, deixa-se de ser sóbrio, porque a paixão não se compadece de tempo. A vida é demasiado curta para ser adiada. Quando adiamos um estado de alma, perdemos o nosso norte, a nossa busca pela felicidade.

Aqueles que fazem sempre bem um trabalho com a sua vida, nunca esperam pelos elogios dos outros, porque seria reconhecer a vontade intima de serem eternamente idolatrados. No fundo, é uma questão de necessidade de atenção afectiva ou uma vontade altruista de tomar conta de alguém para sempre? Deve ser medo de morrerem sózinhos.