tag:blogger.com,1999:blog-43394119541326818142024-02-07T02:43:55.327+00:00Loura nas ArábiasAventuras e desventuras de uma portuguesa que, por obra do destino, partiu de um país à beira-mar plantado para um país de deserto à beira-golfo erigido e voltou sã e salvaTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-87914898595640369222012-04-30T21:28:00.000+01:002012-04-30T21:28:14.142+01:00Um Segredo de um Casamento Feliz - Miguel Esteves CardosoDesde que a Maria João e eu fizemos dez anos de casados que estou para escrever sobre o casamento. Depois caí na asneira de ler uns livros profissionais sobre o casamento e percebi que eu não percebo nada sobre o casamento.
Confesso que a minha ambição era a mais louca de todas: revelar os segredos de um casamento feliz. Tendo descoberto que são desaconselháveis os conselhos que ia dar, sou forçado a avisar que, quase de certeza, só funcionam no nosso casamento.
Mas vou dá-los à mesma, porque nunca se sabe e porque todos nós somos muito mais parecidos do que gostamos de pensar.
O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.
O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.
Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.
O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.
Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos. Mas um casamento feliz com dez anos, tal como um filho de dez anos, tem uma personalidade mais rica e mais bem sustentada, expressa e divertida do que um bebé com um ano de idade.
Eu só vivo desta maneira - que é o nosso casamento - vivendo com a Maria João, da maneira como estamos um com o outro, casados. Nada é exportável. Não há bocados do nosso casamento que eu possa levar comigo, caso ele acabe.
O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.
Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.
Se calhar, os casais apaixonados que têm filhos também ganhariam em pensar no primeiro filho que têm como sendo o segundo. O filho mais velho é o casamento deles. É irmão mais velho do que nasce e ajuda a tratar dele. O bebé idealmente é amado e cuidado pela mãe, pelo pai e pelo casamento feliz dos pais.
Se o primeiro filho que nasce é considerado o primeiro, pode apagar o casamento ou substitui-lo. Os pais jovens - os homens e as mulheres - têm de tomar conta de ambos os filhos. Se a mãe está a tratar do filho em carne e osso, o pai, em vez de queixar-se da falta de atenção, deve tratar do mais velho: do casamento deles, mantendo-o romântico e atencioso.
Ao contrário dos outros filhos, o primeiro nunca sai de casa, está sempre lá. Vale a pena tratar dele. Em contrapartida, ao contrário dos outros filhos, desaparece para sempre com a maior das facilidades e as mais pequenas desatenções. O casamento feliz faz parte da família e faz bem a todos os que também fazem parte dela.
Os livros que li dão a ideia de que os casamentos felizes dão muito trabalho. Mas se dão muito trabalho como é que podem ser felizes? Os livros que li vêem o casamento como uma relação entre duas pessoas em que ambas transigem e transaccionam para continuarem juntas sem serem infelizes. Que grande chatice!
Quando vemos o trabalho que os filhos pequenos dão aos pais, parece-nos muito e mal pago, porque não estamos a receber nada em troca. Só vemos a despesa: o miúdo aos berros e a mãe aflita, a desfazer-se em mimos.
É a mesma coisa com os casamentos felizes. Os pais felizes reconhecem o trabalho que os filhos dão mas, regra geral, acham que vale a pena. Isto é, que ficaram a ganhar, por muito que tenham perdido. O que recebem do filho compensa o que lhe deram. E mais: também pensam que fizeram bem ao filho. Sacrificam-se mas sentem-se recompensados.Num casamento feliz, cada um pensa que tem mais a perder do que o outro, caso o casamento desapareça. Sente que, se isso acontecer, fica sem nada. É do amor. Só perdeu o casamento deles, que eles criaram, mas sente que perdeu tudo: ela, o casamento deles e ele próprio, por já não se reconhecer sozinho, por já não saber quem é - ou querer estar com essa pessoa que ele é.
Se o casamento for pensado e vivido como uma troca vantajosa - tu dás-me isto e eu dou-te aquilo e ambos ficamos melhores do que se estivéssemos sozinhos -, até pode ser feliz, mas não é um casamento de amor.
Quando se ama, não se consegue pensar assim. E agora vem a parte em que se percebe que estes conselhos de nada valem - porque quando se ama e se é amado, é fácil ser-se feliz. É uma sorte estar-se casado com a pessoa que se ama, mesmo que ela não nos ame.
Ouvir um casado feliz a falar dos segredos de um casamento feliz é como ouvir um bilionário a explicar como é que se deve tomar conta de uma frota de aviões particulares - quantos e quais se devem comprar e quais as garrafas que se deve ter no bar, para agradar aos convidados.
Dirijo-me então às únicas pessoas que poderão aproveitar os meus conselhos: homens apaixonados pelas mulheres com quem estão casados.
E às mulheres apaixonadas pelos homens com quem estão casadas? Não tenho nada a dizer. Até porque a minha mulher continua a ser um mistério para mim. É um mistério que adoro, mas constitui uma ignorância especulativa quase total.
Assim chego ao primeiro conselho: os homens são homens e as mulheres são mulheres. A mulher pode ser muito amiga, mas não é um gajo. O marido pode ser muito amigo, mas não é uma amiga.
Nos livros profissionais, dizem que a única grande diferença entre homens e mulheres é a maneira como "lidam com o conflito": os homens evitam mais do que as mulheres. Fogem. Recolhem-se, preferem ficar calados.
Por acaso é verdade. Os livros podem ser da treta mas os homens são mais fugidios.
Em vez de lutar contra isso, o marido deve ceder a essa cobardia e recolher-se sempre que a discussão der para o torto. Não pode ser é de repente. Tem de discutir (dizê-las e ouvi-las) um bocadinho antes de fugir.
Não pode é sair de casa ou ir ter com outra pessoa. Deve ficar sozinho, calado, a fumegar e a sofrer. Ele prende-se ali para não dizer coisas más.
As más coisas ditas não se podem desdizer. Ficam ditas. São inesquecíveis. Ou, pior ainda, de se repetirem tanto, banalizam-se. Perdem força e, com essa força, perde-se muito mais.
As zangas passam porque são substituídas pela saudade. No momento da zanga, a solidão protege-nos de nós mesmos e das nossas mulheres. Mas pouco - ou muito - depois, a saudade e a solidão tornam-se insuportáveis e zangamo-nos com a própria zanga. Dantes estávamos apenas magoados. Agora continuamos magoados mas também estamos um bocadinho arrependidos e esperamos que ela também esteja um bocadinho.
Nunca podemos esconder os nossos sentimentos mas podemos esconder-nos até poder mostrá-los com gentileza e mágoa que queira mimo e não proclamação.
Consiste este segredo em esperar que o nosso amor por ela nos puxe e nos conduza. A tempestade passa, fica o orgulho mas, mesmo com o orgulho, lá aparece a saudade e a vontade de estar com ela e, sobretudo, empurrador, o tamanho do amor que lhe temos comparado com as dimensões tacanhas daquela raivinha ou mágoa. Ou comparando o que ganhamos em permanecer ali sozinhos com o que perdemos por não estar com ela.
Mas não se pode condescender ou disfarçar. Para haver respeito, temos de nos fazer respeitar. Tem de ficar tudo dito, exprimido com o devido amuo de parte a parte, até se tornar na conversa abençoada acerca de quem é que gosta menos do outro.Há conflitos irresolúveis que chegam para ginasticar qualquer casal apaixonado sem ter de inventar outros. Assim como o primeiro dever do médico é não fazer mal ao doente, o primeiro cuidado de um casamento feliz é não inventar e acrescentar conflitos desnecessários.
No dia-a-dia, é preciso haver arenas designadas onde possamos marrar uns com os outros à vontade. No nosso caso, é a cozinha. Discutimos cada garfo, cada pitada de sal, cada lugar no frigorífico com desabrida selvajaria.
Carregamos a cozinha de significados substituídos - violentos mas saudáveis e, com um bocadinho de boa vontade, irreconhecíveis. Não sabemos o que representam as cores dos pratos nas discussões que desencadeiam. Alguma coisa má - competitiva, agressiva - há-de ser. Poderíamos saber, se nos déssemos ao trabalho, mas preferimos assim.
A cozinha está encarregada de representar os nossos conflitos profundos, permanentes e, se calhar, irresolúveis. Não interessa. Ela fornece-nos uma solução superficial e temporária - mas altamente satisfatória e renovável. Passando a porta da cozinha para irmos jantar, é como se o diabo tivesse ficado lá dentro.
Outro coliseu de carnificina autorizada, que mesmo os casais que não podem um com o outro têm prazer em frequentar, é o automóvel. Aí representamos, através da comodidade dos mapas e das estradas mesmo ali aos nossos pés, as nossas brigas primais acerca das nossas autonomias, direcções e autoridades para tomar decisões que nos afectam aos dois, blá blá blá.
Vendo bem, os casamentos felizes são muito mais dramáticos, violentos, divertidos e surpreendentes do que os infelizes. Nos casamentos infelizes é que pode haver, mantidas inteligentemente as distâncias, paz e sossego no lar.
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhePAu5qfIslFtzqpG0hzx2O4onVNL1pcqJGJtqUWUPebJFQevBb6L01-X3TgRHf3MQGVQfGGM6cTzSDAuckhyEgfHQhiL4TVC8i6VVLawloREOOTqnnbtmAbBd1YPOgbhcYGcxMcBY9Z0K/s1600/Mubanga+Lodge1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="213" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhePAu5qfIslFtzqpG0hzx2O4onVNL1pcqJGJtqUWUPebJFQevBb6L01-X3TgRHf3MQGVQfGGM6cTzSDAuckhyEgfHQhiL4TVC8i6VVLawloREOOTqnnbtmAbBd1YPOgbhcYGcxMcBY9Z0K/s320/Mubanga+Lodge1.jpg" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-63506381148247038302012-03-09T16:23:00.000+00:002012-03-09T16:23:39.538+00:00A Portugalite - Miguel Esteves CardosoEntre as afecções de boca dos portugueses que nem a pasta medicinal Couto pode curar, nenhuma há tão generalizada e galopante como a Portugalite. A Portugalite é uma inflamação nervosa que consiste em estar sempre a dizer mal de Portugal. É altamente contagiosa (transmite-se pela saliva) e até hoje não se descobriu cura.<br />
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A Portugalite é contraída por cada português logo que entra em contacto com Portugal. É uma doença não tanto venérea como venal. Para compreendê-la é necessário estudar a relação de cada português com Portugal. Esta relação é semelhante a uma outra que já é clássica na literatura. Suponhamos então que Portugal é fundamentalmente uma meretriz, mas que cada português está apaixonado por ela. Está sempre a dizer mal dela, o que é compreensível porque ela trata-o extremamente mal. Chega até a julgar que a odeia, porque não acha uma única razão para amá-la. Contudo, existem cinco sinais — típicos de qualquer grande e arrastada paixão — que demonstram que os portugueses, contra a vontade e contra a lógica, continuam apaixonados por ela, por muito afectadas que sejam as «bocas» que mandam.<br />
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Em primeiro lugar, estão sempre a falar dela. Como cada português é um amante atraiçoado e desgraçado pela mesma mulher, é natural que se junte aos demais para chorar a sua sorte e vilipendiar a causa comum de todos os seus males. Assim sempre se vão consolando uns aos outros. Bebem uns copos, chamam-lhes uns nomes, e confortam-se todos com o facto de não sofrerem sozinhos. Às vezes, para acentuar a tristeza, recordam-se dos bons velhos tempos em que Portugal, hoje megera ingrata que se vende na via (e na vida) pública, era uma namorada graciosa e senhora respeitada em todos os continentes. E, quando dez milhões de lágrimas caem para dentro do vinho tinto que seguram nas mãos, todos abanam as cabeças, dizendo em uníssono «e hoje é o que se sabe...».<br />
<br />
Não é só o facto de não saberem nem poderem falar noutra coisa que prova a existência duma paixão. Como qualquer apaixonado arrependido, o português acha Portugal má como as cobras, mas... lindíssima. O facto de ser tão bonita de cara (as paisagens, as aldeias, a claridade, o clima) só torna a paixão mais trágica. O contraste entre a beleza à superfície e a vileza subterrânea dá maior acidez às lágrimas. É por isso que só há um tabu naquilo que se pode dizer de Portugal. Pode dizer-se que é bárbara e miserável, traiçoeira e ingrata, e tudo o mais que há de aviltante que se queira. O que não se pode dizer é «Portugal é um país feio». Nunca. Também neste aspecto se comprova a paixão.<br />
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Em terceiro lugar, os portugueses só deixam que outros portugueses digam mal de Portugal. Só quem sofreu nos braços dela (e que ela vai tratando ignobilmente a seu bel-prazer, por saber que nunca lhe hão-de fugir), se pode legitimamente queixar. Isto porque Portugal, sendo uma lindíssima meretriz, engata os estrangeiros descaradamente, desfazendo-se em encantos e seduções para com eles. Esta ideia exprime-se no dogma nacional que reza «Isto é bom é para os turistas», como quem diz «A viciosa da minha mulher a mim não me dá nada, mas atira-se a qualquer estranho que lhe apareça à frente». Qualquer estrangeiro que tenha a ousadia e o mau gosto de se fazer esquisito frente aos avanços despudorados de Portugal está condenado ao maior desagrado de todos.<br />
<br />
Esta atitude é lógica, porque só há uma coisa pior do que se ser atraiçoado por quem se ama — é não se ser atraiçoado só porque o outro a acha feia e não a quer. À traição da mulher junta-se o insulto do outro, ao não achá-la sequer digna de um pequenino adultério. É como dizer-nos: «Não só estás apaixonado por uma pega, como ela é feia como breu.»<br />
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Os estrangeiros que nos visitam nunca compreendem isto. Lêem e ouvem dizer por todo o lado as maiores infâmias acerca de Portugal e não percebem porque é que todos lhe caem em cima no momento em que ele se atreve a dizer que um pastel de nata não está fresco, ou que tem a impressão de ter sido enganado no troco por um motorista de táxi.<br />
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Em quarto lugar, apesar do português passar o tempo a resmungar e a queixar-se quando está perto de Portugal, sabe-se o que lhe acontece quando está há muito tempo longe dela. Os grunhidos transformam-se em gemidos e as piscadelas de olho já não vencem senão lágrimas. E pensa invariavelmente: «Portugal é uma bruxa, mas antes mal tratada por ela do que bem por outra donzela...»<br />
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Em quinto e último lugar (e o «Quinto» não é fortuito), temos a derradeira prova da paixão do português por Portugal. Tem a ver com a ideia que ele tem do que Portugal podia ser. Para cada português, «isto podia ser o melhor país do mundo se...» (Segue-se uma condição invariavelmente impossível de se cumprir). A miragem deste país potencial é um paraíso que agrava substancialmente o inferno que os portugueses já supõem aturar. Isto porque os portugueses graças a Deus, têm expectativas elevadíssimas. Nada abaixo do Quinto-Império pode garantir satisfazê-los. Nenhum português se contenta, por exemplo, só com pertencer à Europa. Aliás, só começaria a contentar-se caso fosse a Europa toda a pertencer a Portugal. (E mesmo assim, qual não seria o português, com um cepticismo que provém de um longo e civilizadíssimo cansaço cultural, que não desconfiasse logo que «isto agora da Europa pertencer a Portugal traz água no bico, com certeza...?»)<br />
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Estas expectativas insaciáveis revelam-se na saudável mania que têm os portugueses de comparar Portugal só com a pequena minoria de países que se encontram em muito melhor situação. Para um português, Portugal é o país mais pobre do mundo. Isto é, do mundo «que interessa». Se lhe falarmos nos demais 75% que estão piores que nós, diz logo: «Está bem, mas isso nem se fala...» Nem é preciso ser a Nicarágua ou o Bangladesh — basta mencionar a Grécia ou a Turquia para ele se virar para nós com ar despeitoso e incrédulo e dizer: «Ó filho, está bem, mas isso...»<br />
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É curioso notar que a Espanha goza de um estatuto especial nestas comparações. Nem conta como «melhor» nem «pior». A Espanha é sempre até, e a frase «Até na Espanha...» tem o significado precioso de chamar a atenção para um país reconhecidamente rasca onde, neste ou naquele aspecto, já estão escandalosamente melhores do que em Portugal. De qualquer modo, os espanhóis não são como nós. Acham, por exemplo, que é motivo de orgulho ser-se espanhol. Nisso pelo menos, estão muito piores que nós. Entretanto, compreende-se que o difícil não é amar Portugal — o difícil é deixar de amá-lo, também porque é sempre difícil nós sermos felizes.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-oXb-pvo4dwgAF4_o5iJbquWPsVPGaE1eafrZa9je2oRJh0ELZgnHJ5ERwDI6buV6vGqqvX8AMR96GRM8bLEA0dECRcpamniBbCEB5i7imbE1uNPbCwLDFiAP7kRAKIBso0ysK1JHv4iq/s1600/1st+June.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-oXb-pvo4dwgAF4_o5iJbquWPsVPGaE1eafrZa9je2oRJh0ELZgnHJ5ERwDI6buV6vGqqvX8AMR96GRM8bLEA0dECRcpamniBbCEB5i7imbE1uNPbCwLDFiAP7kRAKIBso0ysK1JHv4iq/s320/1st+June.jpg" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-75446470799823804042012-01-28T10:55:00.000+00:002012-01-28T10:55:15.754+00:00Igual-DesigualEu desconfiava: <br />
todas as histórias de banda desenhada são iguais. <br />
Todos os filmes norte-americanos são iguais. <br />
Todos os filmes de todos os países são iguais. <br />
Todos os best-sellers são iguais <br />
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais. <br />
Todos os partidos políticos são iguais. <br />
Todas as mulheres que andam na moda são iguais. <br />
Todos os sonetos epoemas em verso livre são enfadonhamente iguais. <br />
Todas as guerras do mundo são iguais. <br />
Todas as fomes são iguais. <br />
Todos os amores, iguais iguais iguais. <br />
Iguais todos os rompimentos. <br />
A morte é igualíssima. <br />
Todas as criações da natureza são iguais. <br />
Todas as acções, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. <br />
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.<br />
Ninguém é igual a ninguém. <br />
Todo o ser humano é um estranho ímpar. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL8k6xBp_qOS6C0_ATWRqqiOOKt_5AGA4_0uQTa8RZ9QrNltnqSMnK-Qo5ulNLLdR_ztmx9dmUX56h-noLwHW1CJnBIo9FSq9jFmJ5FewMdiSu8hQPPFMk7gHOWCmA9jHINeaBNkp8WcHR/s1600/Vik+-+Acucar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="320" width="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL8k6xBp_qOS6C0_ATWRqqiOOKt_5AGA4_0uQTa8RZ9QrNltnqSMnK-Qo5ulNLLdR_ztmx9dmUX56h-noLwHW1CJnBIo9FSq9jFmJ5FewMdiSu8hQPPFMk7gHOWCmA9jHINeaBNkp8WcHR/s320/Vik+-+Acucar.jpg" /></a></div><br />
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Carlos Drummond de AndradeTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-26371823000303420972011-12-31T17:40:00.000+00:002011-12-31T17:40:49.348+00:00Eu simplesmente Amo-te. <br />
<br />
Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. <br />
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Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.<br />
<br />
Pablo Neruda<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBLTmUr7xoaC-xboZFvUwakpDf3UmiJ3gIEqoNeGvuq2VOqSKmrWXrwxeHebHxDTReNNCOINw49hLnCbSaOYFQU-Ke-XKx_Zgjd2RYZ8JshR9xw00lCCgk-dhXG6q_6RfJEYWqgYYu1dRZ/s1600/Mussulo5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBLTmUr7xoaC-xboZFvUwakpDf3UmiJ3gIEqoNeGvuq2VOqSKmrWXrwxeHebHxDTReNNCOINw49hLnCbSaOYFQU-Ke-XKx_Zgjd2RYZ8JshR9xw00lCCgk-dhXG6q_6RfJEYWqgYYu1dRZ/s320/Mussulo5.jpg" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-86306619761599613882011-12-15T08:57:00.000+00:002011-12-15T08:57:07.363+00:00Felicidade...A felicidade é um estado permanente que não parece ter sido feito, aqui na terra, para o homem. Na terra, tudo vive num fluxo contínuo que não permite que coisa alguma assuma uma forma constante. Tudo muda à nossa volta. Nós próprios também mudamos e ninguém pode estar certo de amar amanhã aquilo que hoje ama. É por isso que todos os nossos projectos de felicidade nesta vida são quimeras.<br />
Aproveitemos a alegria do espírito quando a possuímos; evitemos afastá-la por nossa culpa, mas não façamos projectos para a conservar, porque esses projectos são meras loucuras. Vi poucos homens felizes, talvez nenhum; mas vi muitas vezes corações contentes e de todos os objectos que me impressionaram foi esse o que mais me satisfez. Creio que se trata de uma consequência natural do poder das sensações sobre os meus sentimentos. A felicidade não tem sinais exteriores; para a conhecer seria necessário ler no coração do homem feliz; mas a alegria lê-se nos olhos, no porte, no sotaque, no modo de andar, e parece comunicar-se a quem dela se apercebe. Existirá algum prazer mais doce do que ver um povo entregar-se à alegria num dia festivo, e todos os corações desabrocharem aos raios expansivos do prazer que passa, rápida mas intensamente, através das nuvens da vida?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqBGCK7L1s7Yy9mEjOl0t03rdzuQ24uceeil2Vgb1LJsk6SaDpsAR98jOLIhu92IrZjcIWV3YlUJPCywK2GAc1Legv095jB9YB-BTyldUzYAgSeIq_rcNa7de75PcrsCHttp_U09yFE6jf/s1600/Este+n%25C3%25A3o+foi+convidado+mas+agarrou-se+logo+ao+sumo%2521.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="213" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqBGCK7L1s7Yy9mEjOl0t03rdzuQ24uceeil2Vgb1LJsk6SaDpsAR98jOLIhu92IrZjcIWV3YlUJPCywK2GAc1Legv095jB9YB-BTyldUzYAgSeIq_rcNa7de75PcrsCHttp_U09yFE6jf/s320/Este+n%25C3%25A3o+foi+convidado+mas+agarrou-se+logo+ao+sumo%2521.jpg" /></a></div><br />
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Jean-Jacques Rousseau, in 'Os Devaneios do Caminhante Solitário'Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-8181107083091846432011-11-08T11:34:00.000+00:002011-11-08T11:34:17.209+00:00Semana PuzzleEsta semana tem sido um verdadeiro puzzle.<br />
Têm havido cortes de electricidade, de água, de internet, de trânsito, de transporte, de vida,...eu sei lá mais o quê!<br />
Com tanto corte e sem comunicação prévia, custa mais viver e trabalhar.<br />
Nunca se sabe o que vai acontecer na hora seguinte.<br />
E quando há luz e não há água? Tenta-se secar o cabelo, ver um bocadinho de TV, fazem-se umas torradas, e acende-se a luz.<br />
E quando há água e não há luz? Toma-se banho, lava-se a louça suja e alguma roupa à mão, faz-se alguma limpeza na casa.<br />
E quando não há nada? Joga-se às cartas, lê-se (muito) e pensa-se na vida (muito, muito).<br />
E se fôr à noite? Vai-se cedinho para a cama.<br />
E quando o trânsito de um dia para o outro muda por causa das obras constantes? Reza-se para que não chova muito para aguentarmos o calor, o pó que vira lama e a espera e o atraso que vira stress.<br />
E quando o dia junta tudo num dia só? Pensa-se que é preciso ter muita imaginação e muita calma quando se tem de trabalhar e se tenta viver em Luanda.<br />
E nem sempre é fácil, mas há coisas piores.<br />
Beijos para todos<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-0U71EFgkt89fYPpfquphifAQjvdOegClqH5LCjhdC_ZH8vmUkcyxGs0JmhKoA3j0-Zfgff7HvzBaOfXcdGUsAm743fbt5EwQmtbUhfvbS9-HxNz3CIDcQDrH-9Klp3zFIFcYf7Uf9X0-/s1600/IMG-20111001-00034.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-0U71EFgkt89fYPpfquphifAQjvdOegClqH5LCjhdC_ZH8vmUkcyxGs0JmhKoA3j0-Zfgff7HvzBaOfXcdGUsAm743fbt5EwQmtbUhfvbS9-HxNz3CIDcQDrH-9Klp3zFIFcYf7Uf9X0-/s320/IMG-20111001-00034.jpg" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-42144974545591743212011-11-04T22:10:00.000+00:002011-11-04T22:10:52.897+00:00Conta comigo. Sempre.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpajHjLeQpUbK-8LjFk2BBNXYVzDBrTz4oYdisDUEhjz4_x5OUEbZm2Cih4qyV-2H35RbrI4bqnEt2YunAwHt5sxQp1L3xm8vHtUAr75aG3LbmBVLSpFN7bd7YDAoJnB_zo3L5zmAhVawG/s1600/Kissama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpajHjLeQpUbK-8LjFk2BBNXYVzDBrTz4oYdisDUEhjz4_x5OUEbZm2Cih4qyV-2H35RbrI4bqnEt2YunAwHt5sxQp1L3xm8vHtUAr75aG3LbmBVLSpFN7bd7YDAoJnB_zo3L5zmAhVawG/s320/Kissama.jpg" /></a></div><br />
Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.<br />
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.<br />
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.<br />
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar. Caminharei a teu lado. Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.<br />
Conta comigo. Sempre. <br />
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Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-39016096634280711962011-09-30T13:44:00.000+01:002011-09-30T13:44:35.709+01:00A todos os mediocres que se sentem poderosos...e que me fazem partir de PortugalSempre ouvi dizer que este país "é dos políticos", "dos banqueiros", "dos grandes grupos e famílias". Dos "poderosos". Uma espécie de grupelho nebuloso e indefinido que controla as traves mestras daquilo a que chamamos edifício societário. <br />
<br />
Mas o que é comum a toda estas pessoas para além de serem seres humanos, qual é o traço que os distingue dos demais? Para mim o problema não está na profissão, no poder que um qualquer mortal detém ou na maior ou menor influência que alguém é capaz de exercer, na figura distinta ou estatuto, no título ou na conta bancária mais recheada, no apelido pomposo desenhado no cartão de cidadão ou no cargo desempenhado. Há gente boa e válida em todos os lugares. <b>Para mim o verdadeiro problema deste burgo começa no carácter de quem manda, de quem tem acesso a, de quem mexe os cordelinhos, de quem decide o destino das coisas e das pessoas, de quem nos governa ou de quem governa os trilhos que precisamos de percorrer. </b><br />
<br />
E a verdade é que grande parte dos motores da nossa sociedade estão entregues a fracos pilotos, alguns sem carta. <b>A falta de carácter e de honestidade de quem tem as chaves da porta que precisamos de ver entreaberta é muitas vezes evidente. O senhor cínico do elevador dos sonhos é quase sempre um calhau com olhos. Os filhos da mãe estão em todo lado, e lado a lado com as pessoas mentalmente sãs. Misturados, escondidos nos cargos intermédios da podridão. <br />
</b><br />
<b>Amigos de amigos de amigos. Ratos nojentos. Incapazes intelectuais que se alimentam do lixo que os próprios produzem. Na política, nas empresas, na imprensa, na secretária mesmo ao lado (podem olhar) ou no café.</b> E o mais chato é que neste país a meritocracia é pouco mais do que uma palavrinha que consta do dicionário. O mérito e a distinção são geralmente controlados por um qualquer infeliz que na 4ª classe passava a vida entre as barrelas no balneário e as idas ao poste intermináveis no campo de jogos e que, por esse facto, por ter as bolinhas amassadas e recalcamentos inultrapassáveis, vivem a vida numa verdadeira intifada contra quem luta por ser melhor, com medo permanente das sombras e da diferença. <br />
<br />
<b>Lambem o rabinho a quem lhes convém e lixam quem não lhes convém. E perdem-se assim pessoas, projectos e ideias válidas. Neste país para alguém conseguir ser o que ambiciona tem de ser cem vezes mais persistente, duzentas vezes mais forte e trezentas vezes mais honesto do que esta corja. E mesmo assim a maioria desiste e parte.</b> Nota a quem se sentir visado por estas minhas palavras: sois uns bandalhos sem alma ou vergonha. E no dia em que este país mudar e deixar de premiar a mediocridade, o vosso reinado termina à mesma velocidade que começou.E nesse dia quero estar no camarote a assistir. <br />
<br />
In Portugal: O País dos filhos da mãe por Tiago MesquitaTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-64752593479384744202011-08-14T20:08:00.000+01:002011-08-14T20:08:33.508+01:00O machismo português e as traições amorosas por Miguel Esteves CardosoNa gíria portuguesa, os palitos são a versão económica, e mais moderna, dos cornos. Os cornos, à semelhança do que aconteceu com os automóveis e os computadores, tornaram-se demasiado volumosos e pesados para as exigências do homem de hoje. Daí a crescente popularidade dos mais portáteis e menos onerosos palitos. Contudo, visto que se vive presentemente um período de transição, em que os novos palitos ainda se vêem lado a lado com os tradicionais cornos, continuam a existir algumas sobreposições. Uma delas, herdada do antigamente, deve-se ao facto dos palitos não se saldarem numa diminuição proporcional de sofrimento. Ou seja, não dão uma mera dor de palito — dão à mesma, incontrovertivelmente, dor de corno. Não é mais carinhoso, por isso, pôr os «palitos» a alguém — continua a ser exactamente o mesmo que pôr os outros. <br />
<br />
Tudo isto vem a propósito da forma atípica, entre os povos latinos, que assume o machismo português. Não se trata do machismo triunfalmente dominador, género «Aqui quem manda sou eu!», do brutamontes que não dá satisfações à mulher. Não — o machismo português, imortalizado pelo fado «Não venhas tarde», é um machismo apologético, todo «desculpa lá ó Mafalda», que alcança os seus objectivos de uma maneira mais eficaz. É, de facto, o machismo que, não só dá satisfações, como vive delas. <br />
<br />
O machismo português é o machismo, não da força masculina, mas da fraqueza. Não consiste no homem armar-se em agressor, mas em vítima. O logro é este: o homem apresenta-se sempre à mulher como vítima da natureza «de homem», dele. Ser homem, para o machista português, é ser essencialmente fraco. É um não-ser-capaz de resistir às tentações; um envergonhado «já sabes como é, filha» que serve para legitimar todos os privilégios de que goza (aos quais chama «deslizes»). À mulher não se admitem estes abusos — os copos, as entradas às tantas da manhã, os romances — porque o homem português considera a mulher um ser superior. Como é superior — mais forte, mais séria, mais responsável, mais ajuizada — não tem, muito simplesmente, direito a nada. <br />
<br />
O homem trata-a como se trata um deus. Julga que ela sabe tudo e, mesmo quando ele lhe mente, sabe que ela não se convence. Pensa também que ele pode tudo e é daqui que vem o medo enorme que lhe tem. E, tal como se faz com um deus, ele peca e pede perdão, mas sem perdoar em troca — porque um deus, por definição, não pode pecar. Se acaso uma mulher não corresponde a este comportamento divino, é logo considerada uma desgraçada, uma meretriz, uma sem-vergonha. Em suma: no fundo, uma criatura tão baixa e desprezível como um homem. <br />
<br />
Logo, é a inferioridade do homem — infinitamente confessada, declarada e propagandeada — que lhe impõe o direito de pecar e ser perdoado, e a superioridade da mulher que lhe confere a obrigação de perdoar. O homem, no machismo português, é pouco mais que uma pilha imponente e irresistível de vulnerabilidades. As outras mulheres atraem-no sempre contra vontade, e ele, coitado, não se consegue defender e vai-se instantaneamente abaixo. Como cantava o Carlos Ramos «Tu sabes bem que eu vou para outra mulher, que eu só faço o que ela quer...». A mulher, cheia de uma compreensão indistinguível da santidade, vê-o da janela, coração a sofrer de amor e de piedade, e apenas lhe pede («com carinho») que não venha tarde, «sabendo que ele vem sempre mais tarde». É este o machismo estritamente português, a meio-caminho entre o «Desculpem qualquer coisinha» e o «Era uma vez um rapaz». Nunca diz, à castelhana, «Quero e posso!»; nem disfarça, à italiana, dizendo «Posso mas não quero». Não. Diz, muito à portuguesa «Não quero, mas o que é que tu queres?, é o que posso...». O homem português nunca tem culpa. Arrepende-se sempre, mas não tem culpa porque não consegue deixar de fazer (por muito que não tente) as coisas que lhe apetece imenso fazer. A mulher, em contrapartida, tem quase sempre culpa. Tem, por exemplo, a culpa de atrair o homem, não porque o queira atrair (o querer ou não é irrelevante), mas, simplesmente, porque é mulher, e ele é homem, e não há absolutamente nada a fazer... <br />
<br />
O machismo português não é afirmativo e orgulhoso frente à mulher. É um machismo conjuntivo — «Eu bem gostaria de ser fiel, mas...», ou «Eu bem gostaria de passar mais tempo em casa, mas...», ou ainda «Eu bem gostaria de não ser como sou, mas...». É esse «mas» que torna o machismo português diferente — não é tanto de macho como de «mas», não é tanto um autêntico machismo como um masismo. Ele não é senhor do seu destino, como ela é do dela (e do dele). As coisas acontecem-lhe, ele bem tentou; foi uma coisa que lhe deu, ele nem sequer deu por ela, e, pronto, «o que é que tu queres, filha?», aconteceu... <br />
<br />
A relação entre o homem português e a mulher é vista (pelo homem), como a relação que tem cada um com a sua consciência. E, ao passo que cada um pode andar na boa vai-ela (e depois penitenciar-se), o mesmo não se imagina (nem consente!) à consciência. E, o mais engraçado de tudo, é que a mulher que «sabe tudo», até isto sabe. Ou seja: sabe perfeitamente que esta do «Tu sabes bem...» é pouco mais que uma excelente treta que os homens propagam para poderem pensar que se divertem mais do que as mulheres. O que torna a mulher portuguesa ainda mais superior. Claro. <br />
<br />
Tudo isto para regressar, sem dor, à questão dos palitos. A tese central, criação única do machismo português, é esta: É muito fácil pôr os palitos a um homem (basta a mulher olhar para outro), mas é quase impossível pôr os palitos a uma mulher (porque nunca se consegue enganar a consciência). Um homem pode ser, por dá-cá-aquela-palha, um «corno manso», o que é muito pior que ser um corno selvagem ou só semicivilizado. Mas não existe, na língua, correspondência para o sexo feminino. Os palitos são uma coisa terrível que as mulheres podem pôr aos homens mesmo sem chegar a pô-los; mas que os homens nunca podem pôr às mulheres, por muito que lhos ponham. Nesta vantajosa lógica, bastante mais complexa e respeitosa do que aquela que anima outros machismos menos atlânticos, se encontra a alegria e a tristeza do autêntico macho português — aquele que vem sempre mais tarde, mas cada vez mais cabisbaixo. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi107OxBhY0uiPjrIkuqOKidQv28zZ4raQU-YRVTUWWb-9J8jNhmfRURz34432YWW_OTgBTeN9XMeYrW1yuk3GOCBvJYfb_HDQ4ELOH2-aBeXsNAsDzQXx7S2CdijB2I-3ndcMcQCjE2Mhy/s1600/Summertime.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi107OxBhY0uiPjrIkuqOKidQv28zZ4raQU-YRVTUWWb-9J8jNhmfRURz34432YWW_OTgBTeN9XMeYrW1yuk3GOCBvJYfb_HDQ4ELOH2-aBeXsNAsDzQXx7S2CdijB2I-3ndcMcQCjE2Mhy/s320/Summertime.jpg" /></a></div><br />
Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-29726553950756220582011-08-01T21:53:00.000+01:002011-08-01T21:53:08.986+01:00Apenas conhecemos fragmentos dos outrosQuando te encontras na base de um importante maciço montanhoso, estás longe de conhecer toda a sua diversidade, não tens nenhuma ideia das alturas que se ergueram por trás do seu cimo ou por trás daquele que te parece ser o cimo, não suspeitas nem o perigo dos abismos nem os confortáveis assentos ocultos entre os rochedos. É apenas se sobes e se persegues o teu caminho que se revelam pouco a pouco aos teus olhos os segredos da montanha, alguns que esperavas, outros que te surpreendem, uns essenciais, outros insignificantes, tudo isso sempre e unicamente em função da direcção que tomares; e nunca te revelarão todos. <br />
<br />
O mesmo acontece quando te encontras diante de uma alma humana.<br />
<br />
Aquilo que se te oferece ao primeiro olhar, por mais perto que estejas, está longe de ser a verdade e certamente nunca é toda a verdade. É apenas no decurso do caminho, quando os teus olhos se tornam mais penetrantes e nenhuma bruma perturba o teu olhar, que a natureza íntima dessa alma se revela a pouco a pouco e sempre por fragmentos. Aqui é a mesma coisa: à medida que te afastas da zona explorada, toda a diversidade que encontraste no caminho se esbate como um sonho, e quando te voltas uma última vez antes de te afastares, vês apenas de novo esse maciço que te surgia falsamente como muito simples, e esse cimo que não era o único que existia. <br />
Apenas a direcção é realidade; o objectivo é sempre ficção, mesmo quando alcançado - sobretudo neste caso. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu0da5h6ItKvZjH5dwZLfPgyH_IXZDW82MtXBePCsaCUUyk9ZybkxSVBbPU48DPtyePsvwlc1ctsbFdVa88RY3DHiYyeIlb6hJp7Y7dJAFiBAW9qXE7XGjXJfuJUHl-oXDs36zS2Hcidav/s1600/Norte1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu0da5h6ItKvZjH5dwZLfPgyH_IXZDW82MtXBePCsaCUUyk9ZybkxSVBbPU48DPtyePsvwlc1ctsbFdVa88RY3DHiYyeIlb6hJp7Y7dJAFiBAW9qXE7XGjXJfuJUHl-oXDs36zS2Hcidav/s320/Norte1.jpg" /></a></div><br />
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Arthur Schnitzler, in 'Observação do Homem'Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-37974982499519991542011-07-24T12:11:00.000+01:002011-07-24T12:11:18.980+01:00Considerações - Agostinho da SilvaJá são em número demasiado os que vieram ao mundo para combater e separar; o progresso e valor de cada seita e de cada grupo dependeram talvez desta atitude descriminadora e intransigente; aceitemos como o melhor que foi possível tudo o que nos apresenta o passado; mas procuremos que seja outra a atitude que tomarmos; lancemos sobre a terra uma semente de renovação e de íntimo aperfeiçoamento. <br />
Reservemos para nós a tarefa de compreender e unir; busquemos em cada homem e em cada povo e em cada crença não o que nela existe de adverso, para que se levantem as barreiras, mas o que existe de comum e de abordável, para que se lancem as estradas da paz; empreguemos toda a nossa energia em estabelecer um mútuo entendimento; ponhamos de lado todo o instinto de particularismo e de luta, alarguemos a todos a nossa simpatia. <br />
Reflitamos em que são diferentes os caminhos que toma cada um para seguir em busca da verdade, em que muitas vezes só um antagonismo de nomes esconde um acordo real. Surja à luz a íntima corrente tanta vez soterrada e nela nos banhemos. Aprendamos a chamar irmão ao nosso irmão e façamos apelo ao nosso maior esforço para que se não quebre a atitude fraternal, para que se não perca o dom de amor, para que se não cerre o coração à mais perfeita voz que nos chama e solicita. <br />
Não os queremos trazer ao nosso grémio nem ingressar no deles; apenas desejamos que da melhor compreensão entre uns e outros, do conhecimento das essências, se erga a morada de um Pai que não distingue entre os eleitos e a todos por igual protege e incita; cada um ficará em sua lei; só pretendemos que não tome os de leis diferentes por implacáveis inimigos ou por almas perversas e perdidas; são homens como nós e vão-se dirigindo ao mesmo fim; desde já os vejamos como futuros companheiros. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQM-k0yKmdgR-1wnP68JPb5dgA0lmZN6UGe9YuwEdfZTZO57BtOlNTinFAnBXuReAbUcwYylPZJUs6WlbrweHtkcB68kW_EoVkuicMIA4JYtBZMvIDUIF60TZ-xzlQF_MSnIjoBkIohQRo/s1600/Lunch+break.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQM-k0yKmdgR-1wnP68JPb5dgA0lmZN6UGe9YuwEdfZTZO57BtOlNTinFAnBXuReAbUcwYylPZJUs6WlbrweHtkcB68kW_EoVkuicMIA4JYtBZMvIDUIF60TZ-xzlQF_MSnIjoBkIohQRo/s320/Lunch+break.JPG" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-39686857841081971002011-07-21T20:23:00.000+01:002011-07-21T20:23:31.284+01:00Na busca da filosofia - Sabedoria de Confucio<b>A Verdadeira Natureza Humana </b><br />
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A humildade fica perto da disciplina moral; a simplicidade de carácter fica perto da verdadeira natureza humana; e a lealdade fica perto da sinceridade de coração. Se cultivarmos cuidadosamente essas regras na nossa conduta, não estaremos longe do padrão da verdadeira natureza humana. Com a humildade, ou uma atitude piedosa, raramente cometemos erros; com a sinceridade de coração, somos geralmente dignos de confiança; e com a simplicidade de carácter seremos comummente generosos. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdl9xDenbVU-OzYUn3NenlN8GSa4HPewMwViWPK4IcMuIf5tLiP68ZUQHEO7NhJlUHvghYorid_uyhvid2nvUdd4iQ6-9vggrIkmpS74o8GXBV1-NaBd2sLGyZxYPaIqSrsP0-5vc1Nvqx/s1600/Ming+Tomb_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdl9xDenbVU-OzYUn3NenlN8GSa4HPewMwViWPK4IcMuIf5tLiP68ZUQHEO7NhJlUHvghYorid_uyhvid2nvUdd4iQ6-9vggrIkmpS74o8GXBV1-NaBd2sLGyZxYPaIqSrsP0-5vc1Nvqx/s320/Ming+Tomb_2.jpg" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-27281736215966586872011-07-12T22:41:00.000+01:002011-07-12T22:41:24.245+01:00Séneca - Filósofo que viveu no ano 4 AC, mas tão actualNinguém é feliz quando treme pela sua felicidade. Não se apoia em bases sólidas quem tira a sua satisfação de bens exteriores, pois acabará por perder o bem-estar que obteve. Pelo contrário, um bem que nasce dentro de nós é permanente e constante, e vai sempre crescendo até ao nosso último momento; todos os demais bens ante os quais se extasia o vulgo são bens efémeros. "E então? Quer isso dizer que são inúteis e não podem dar satisfação?" É evidente que não, mas apenas se tais bens estiverem na nossa dependência, e não nós na dependência deles. Tudo quanto cai sob a alçada da fortuna pode ser proveitoso e agradável na condição de o seu beneficiário ser senhor de si próprio em vez de ser servo das suas propriedades. É um erro pensar-se <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUtqGnCjU1zLW5hrhDAY-ElQaz34HR7drJ-G-GGBaIewk2FNUUmeF5iCnHj18wVBhAAdcJ4ZLf1y0K1_hbxDEoMAJOV_2yLwU7yWGG4OUSEwcbbYL-NxJL0DIkCpSgIFLu1zttADTFQwVo/s1600/Kissama3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUtqGnCjU1zLW5hrhDAY-ElQaz34HR7drJ-G-GGBaIewk2FNUUmeF5iCnHj18wVBhAAdcJ4ZLf1y0K1_hbxDEoMAJOV_2yLwU7yWGG4OUSEwcbbYL-NxJL0DIkCpSgIFLu1zttADTFQwVo/s320/Kissama3.jpg" /></a></div><br />
que a fortuna nos concede o que quer que seja de bom ou de mau; ela apenas dá a matéria com que se faz o bom e o mau, dá-nos o material de coisas que, nas nossas mãos, se transformam em boas ou más. <br />
<br />
O nosso espírito é mais poderoso do que toda a espécie de fortuna, ele é quem conduz a nossa vida no bom ou no mau sentido, é nele que está a causa de nós sermos felizes ou desgraçados. Um homem mau faz tudo redundar em mal, mesmo quando aparentemente as coisas se apresentavam excelentes; um espírito justo e íntegro sabe corrigir os erros da fortuna, sabe, pela sua mesma sabedoria, temperar as ocorrências adversas e difíceis de suportar; um tal espírito é capaz de acolher a felicidade com gratidão e temperança, de enfrentar a adversidade com firmeza e coragem. Imaginemos um homem experiente, que não faz nada sem ter analisado totalmente a questão, que nunca tenta nada que esteja acima das suas forças: tal homem nunca alcançará aquele supremo e completo bem acima de todas as contingências se não se sentir seguro em face da insegurança. Se observares os outros (já que costumamos ser melhores juízes em causa alheia), ou se te analisares a ti próprio sem parcialidade, serás forçado a admitir que aqueles bens que tens por desejáveis e preciosos te serão inúteis se previamente não te preparares para a falibilidade do acaso e do condicionalismo que o acompanha.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-82746019226177040892011-07-10T12:16:00.001+01:002011-07-10T12:35:12.211+01:00Sabedoria e Alegria - Séneca in "Cartas a Lucilio"Vou ensinar-te agora o modo de entenderes que não és ainda um sábio. O sábio autêntico vive em plena alegria, contente, tranquilo, imperturbável; vive em pé de igualdade com os deuses. Analisa-te então a ti próprio: se nunca te sentes triste, se nenhuma esperança te aflige o ânimo na expectativa do futuro, se dia e noite a tua alma se mantém igual a si mesma, isto é, plena de elevação e contente de si própria, então conseguiste atingir o máximo bem possível ao homem! Mas se, em toda a parte e sob todas as formas, não buscas senão o prazer, fica sabendo que tão longe estás da sabedoria como da alegria verdadeira. Pretendes obter a alegria, mas falharás o alvo se pensas vir a alcançá-la por meio das riquezas ou das honras, pois isso será o mesmo que tentar encontrar a alegria no meio da angústia; riquezas e honras, que buscas como se fossem fontes de satisfação e prazer, são apenas motivos para futuras dores.<br />
<br />
Toda a gente, repito, tende para um objectivo: a alegria, mas ignora o meio de conseguir uma alegria duradoura e profunda. Uns procuram-na nos banquetes, na libertinagem; outros, na satisfação das ambições, na multidão assídua dos clientes; outros, na posse de uma amante; outros, enfim, na inútil vanglória dos estudos liberais e de um culto improfícuo das letras. Toda esta gente se deixa iludir pelo que não passa de falaccioso e breve contentamento, tal como a embriaguez, que paga pela louca satisfação de um momento o tédio de horas infindáveis, tal como os aplausos de uma multidão entusiasmada - aplausos que se ganham e se pagam à custa de enormes angústias! Pensa bem, portanto, no que te digo: o resultado da sabedoria é a obtenção de uma alegria inalterável. A alma do sábio é semelhante à do mundo supralunar: uma perpétua serenidade. Aqui tens mais um motivo para desejares a sabedoria: alcançar um estado a que nunca falta a alegria. Uma alegria assim só pode provir da consciência das próprias virtudes: apenas o homem forte, o homem justo, o homem moderado pode ter alegria.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-27888903654033461552011-05-24T15:59:00.000+01:002011-05-24T15:59:52.275+01:00Vivo num edificio baixo e tenho o temperamento em lume brando.<br />
Ando a vida a pé e os meus horizontes alargaram-se.<br />
Gasto menos, tenho mais. Compro menos, desfruto sempre.<br />
Tenho casa pequena, mas familia maior, com mais conforto e com mais tempo.<br />
Cada vez mais conhecimentos inuteis e menos certezas sobre os outros.<br />
Não tento julgar ninguém e cada vez quero perceber menos a natureza humana.<br />
Os perito e os problemas só são chamados em tempos de crise e são bem pagos.<br />
A Medicina e o bem-estar vêm de nós, não de fora.<br />
Bebo pouco e nem fumo. <br />
Não desperdiço uma gargalhada nem uma lágrima a mais.<br />
Movo-me ao ritmo dos tempos e irrito-me num mundo tão rápido, com a lentidão dos que me cruzam a vida.<br />
Amanheço a pensar nos outros e por isso, adormeço cansada.<br />
Leio menos porque os olhos não querem, não vejo TV porque a vida não precisa de tanta confirmação, mas medito sobre o que falhei e onde não quero voltar.<br />
Não guardo património, nem rancor, mas não desisto dos meus principios.<br />
Tento viver a vida sem esperar muito materialmente em troca.<br />
Já fui inumeras vezes à lua e conheço alguns marcianos na terra.<br />
Conquisto o meu espaço interior e não interfiro na decoração exterior alheia.<br />
Tenho feito algumas coisas louváveis, mas não pretendo ser a unica.<br />
Limpo diáriamente a minha alma, mas vivo bem sem aspirador.<br />
Conquisto uma minoria, mas incomodo os preconceituosos.<br />
Desaprendo todos os dias, no mau sentido.<br />
Desisti de planear o futuro, dava-me ansiedade.<br />
Sei esperar, mas a vida é demasiado curta.<br />
A informática serviu para bisbilhotar vidas alheias mais depressa.<br />
Comida rápida, heróis com pés de barro,reconhecimento póstumo,fortunas colossais e comportamentos socialmente perfeitos dão-me colesterol alto e taquicardia.<br />
Viagens mundiais e hotéis luxuosos não dão sempre direito a jaccuzzi.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCRP72WV8TA1izTl3bsUbfpTrWa6lSFBK0hxNxZAIiptFzRPtP4hBEeqhKygj9btlVfGT6zV7Tx-Z8LiebZYJ5Jr9EbEXsL_gSzvpF37EqCysba8hd6__uDkpTiLWFsh9JM2k2muayyBpk/s1600/Deluxe+Bathroom.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCRP72WV8TA1izTl3bsUbfpTrWa6lSFBK0hxNxZAIiptFzRPtP4hBEeqhKygj9btlVfGT6zV7Tx-Z8LiebZYJ5Jr9EbEXsL_gSzvpF37EqCysba8hd6__uDkpTiLWFsh9JM2k2muayyBpk/s320/Deluxe+Bathroom.jpg" /></a></div>Moral solúvel, comprimidos para se amar e modas descartáveis nem sempre fazem efeito. Nem secundário.<br />
Admiro-me, luto, sigo em frente, passo a maior tempo possivel com quem me ajuda a construir a felicidade e quem me quer.<br />
Sou paciente com os atrasos, amável com os perdidos,tolerante com os achados.<br />
Amo sem esperar ser amada. Porque amar é recomeçar tudo, todos os dias, se assim for preciso. Em nosso nome e em nome dos outros.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-90024235364535344222011-03-17T17:43:00.000+00:002011-03-17T17:43:50.819+00:00Angola e quase a acabarA viagem desde Portugal correu bem e pareceu-me curta por ser de noite, por ser tão perto, por estar tão contente de voltar a Angola.<br />
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Cheguei. Assim que sai do avião, um calor que cola à pele, humido, mas saboroso para mim. <br />
<br />
Ainda sem sair do aeroporto, e já me tinham tentado tirar gasosa, suborno, eu sei lá...a troco de favores, de empurrar mala, de dar indicações de caminho. Começei logo a sorrir. A mim, não. Não me enganam. Eu conheço o estilo, o género, a ousadia. Sorri. <br />
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E assim que se põe o pé na rua, um mar de gente colorida, asfalto rebentado, transito caótico e algum lixo....África no seu pleno. <br />
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As acácias enormes rasgam o chão e estendem os ramos para o céu cheias de flores, os peões atropelam os carros, a vida pulsa a cada esquina...<br />
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Estranhamente, vêem-me à memória algumas referências visuais: a Marginal, a Igreja da Sagrada Família, um reclame de neón ainda no topo de um prédio.<br />
<br />
Mergulho devagarinho numa parte da minha infância. Estou feliz. Espero que o tempo aqui corra devagarinho para eu poder saborear tudo.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIea4j2ceD1_trWXsKJcohGJ3CgSy5SiN_gT1PAKujJ2GZzj8HsICboNGqazJVDD1mDtSznQ3-Lt1KVCwiaPbY2vmCmECzksEbrfHriSOgFTiPeHf1Cr8ou7gRlrqehTujXzched9kvVVJ/s1600/Kissama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIea4j2ceD1_trWXsKJcohGJ3CgSy5SiN_gT1PAKujJ2GZzj8HsICboNGqazJVDD1mDtSznQ3-Lt1KVCwiaPbY2vmCmECzksEbrfHriSOgFTiPeHf1Cr8ou7gRlrqehTujXzched9kvVVJ/s320/Kissama.jpg" /></a></div><br />
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Pois é. Quase a acabar. Por mais que os dias pareçam compridos, acorde cedo e me deite tarde, o tempo voa e cada dia me parece curto.<br />
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País grande, população maciça e eu a navegar no meio desta mistura de côr, calor, humidade e humanidade.<br />
<br />
Sabe bem estar cá e arrumar mais um bocadinho do passado no sítio certo da minha memória, percorrer o horizonte vasto, cheirar poeira da estrada cor de tijolo batida a tempestade curta que molha e foge. <br />
<br />
Em Luanda, a confusão do desassossego e a desarrumação de gente que se mexe, sobrevive, nascendo, vivendo e morrendo ao sabor das horas, dos dias e das noites.<br />
<br />
Fora da capital, a paisagem a perder de vista numa vertigem de espaço tão grande, tão imenso que só apetece mergulhar e ficar mesmo por ali.<br />
<br />
São quitandeiras, candongueiros, baleizeiros, kinguilas e kazukuteiros, mas também bessanganas, nkankeiros, xaxeiros, dredas e duchas.E mais um enorme vocabulário local que ou se entranha ou se estranha.<br />
<br />
E é o funje, a mandioca, o kaombo, o bombó, comida boa e tão diferente.<br />
<br />
E para acabar o porte desta gente: trato afável, educado, curioso.<br />
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E eu a guardar tudo, por dentro, devagarinho, para poder continuar a saborear mais tarde, qual criança que lambe um rebuçado e volta a embrulhar no papel para mais tarde, com mais calma e tempo, saborear melhor.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-55726651169421772722011-03-03T16:39:00.000+00:002011-03-03T16:39:33.608+00:00Miguel Esteves Cardoso no seu melhor - Elogio ao AmorQuero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.<br />
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.<br />
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.<br />
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.<br />
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?<br />
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.<br />
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.<br />
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.<br />
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também<br />
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A vida vale a pena, mas o amor vale mais a penaTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-7226828623145353352011-02-10T21:40:00.000+00:002011-02-10T21:40:46.321+00:00Não sei quem escreveu, mas identifico-me com este textoÀs vezes é o próprio Universo que depura a nossa vida. Outras temos de ser nós a fazê-lo. Como? Reciclando. No vidrão, coloque as coisas opacas e pouco transparentes, os vidros partidos, com rachas ou afiados que possam magoar-nos e já não possam ser reutilizados. Deite fora... os frascos que já tiveram coisas boas dentro, mas que doravante, possam servir para se encher de outras coisas boas na casa de outras pessoas. No papelão, deite fora as cartas que já não quer ler, as multas, os bilhetes não premiados do Euromilhões e da lotaria, as palavras que o feriram, os insultos que alguém muito infeliz possa ter proferido (porque quem insulta é sempre muito, muito infeliz), deite fora as insinuações, os desconfortos, as mentiras, livre-se de tudo sem olhar para trás. Como estamos perante a era digital, deite simbolicamente fora todos os emails dúbios e as frases que nada de bom acrescentaram à sua vida. Pegue nas postagens do Facebook que lhe desagradam e, sem olhar, tire-as da sua vida, proteja-se, mure a sua felicidade. Não precisamos de saber tudo, ver tudo, ler tudo. Há coisas que simplesmente não nos interessam. Há muitas, muitas coisas que só nos fazem sofrer e não convém esgotar a nossa capacidade de nos solidarizarmos com a dor alheia. No lixo orgânico, deite fora os amores mal resolvidos, os beijos que deu e não quis dar, os beijos que não deu e quis dar, deite fora aquela parte do seu coração que alguém fez secar. Não se esqueça, por cada dez pessoas que não gostam de si, há cem que gostam; quando é ao contrário é que é de preocupar. Livre-se das lágrimas, das que chorou inutilmente e, de todo o lixo deitado fora, guarde só as partes boas. Guarde-as, não as menospreze. Todas as dores têm partes positivas que pode reutilizar no futuro. Por último, chame os serviços para lhe levarem os chamados "monstros", aqueles que nenhum caixote pode suportar e não podem ser colocados na Natureza pura porque a sujam e a contaminam. E agora, respire fundo. Além de todos os tesouros que já tinha antes e que guardou com carinho, a sua vida está, provavelmente, muito melhor, cheia de emoções novas, espaço para outras coisas, pessoas, sentimentos, outros beijos, emails, amizades. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSN4ACRH7h3dKTcXp4W_vXlOc-RItTql81i7IIVNof7JPwq8Q4oxcw-vHSWGCLV4orB6DpeCLyRjOBrNJTDd4nh8Dj5Khau1YhCkRc9ntsMOYX-vMG4h2YbFN-Ce_K6HKYwiliWFhve_2a/s1600/FavoriteBeach6.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSN4ACRH7h3dKTcXp4W_vXlOc-RItTql81i7IIVNof7JPwq8Q4oxcw-vHSWGCLV4orB6DpeCLyRjOBrNJTDd4nh8Dj5Khau1YhCkRc9ntsMOYX-vMG4h2YbFN-Ce_K6HKYwiliWFhve_2a/s320/FavoriteBeach6.JPG" /></a></div>Viver é isto e nada mais do que ISTOTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-66693080873588542192011-01-12T23:47:00.000+00:002011-01-12T23:47:50.717+00:00O adiamento é a forma mais mortal da negaçãoA nossa visão da vida torna-se muito estreita quando queremos que as coisas sejam de certa forma e não as aceitamos como elas de facto são. Este tipo de negação funciona como um narcótico, e como consequência, perdemos partes vitais da nossa experiência. <br />
<br />
É o medo da dor que provoca e sustenta esta separação de partes de nós próprios.Para evitar a dor, fechamo-nos a aspectos cruciais da nossa tomada de consciência. No entanto, apesar do bloqueio que criamos, esta separação interna consome-nos.<br />
<br />
Por vezes, como individuos ou como membros de um grupo, sacrificamos a verdade para assegurarmos a nossa identidade, ou para preservar o sentido da pertença. Tudo o que ameaça o nosso sentido de segurança gera medo e ansiedade, por isso negamos, separamo-nos dos nossos sentimentos. O resultado final é um padrão desumanizador. <br />
<br />
Ficamos separados da nossa vida própria e sentimo-nos muito distantes dos outros.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOP6yJppG1kBTpEx-2lg9-AAQE7YrLWZPIqi1OxNXFWXrQFEi7AtiETg9qQwC1cw1Rk1yk8vVsRgO5jqDK70z6H0AhTtfYzu6U3tBeMOtrJPEErnSeKjtT_DzPWm1rj333iRo5SGSkPd0A/s1600/Eze7.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOP6yJppG1kBTpEx-2lg9-AAQE7YrLWZPIqi1OxNXFWXrQFEi7AtiETg9qQwC1cw1Rk1yk8vVsRgO5jqDK70z6H0AhTtfYzu6U3tBeMOtrJPEErnSeKjtT_DzPWm1rj333iRo5SGSkPd0A/s320/Eze7.JPG" width="320" /></a></div>Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-65140993398430608492011-01-04T16:45:00.000+00:002011-01-04T16:45:27.219+00:00Ano Novo, Crise e TriunfoAos poucos que seguem o meu blogue, ficam desde já avisados, que não sou nem constante, nem perfeitinha. Aproveito este momento de ano novo (não sei quando), crise (não sei aonde) e triunfo (sempre, sempre) para informar que tudo mas definitivamente TUDO o que nos acontece é interior e inconscientemente pedido por nós próprios. Nada de treta emocional ou arranjinho profissional de carpir, chorar ou ficarmos indignados com a nossa (pouca) sorte ou oportunidade de vida porque segundo sei e constatei, quase todos no nosso planeta Terra, não nascem de berços de outro, nem cu virado para a lua, mas nuzinhos e forçados a marcar presença logo à nascença. <br />
É mesmo verdade que temos de lutar por aquilo que queremos, por aqueles que amamos e que talvez haja direito a alguma recompensa no fim da estrada. Se conseguirmos fazer esse caminho com alguma lucidez de não nos querermos pôr sempre em questão e não magoarmos ninguém pelo caminho, haverá um momento de sabedoria que nos dará alguma razão em termos de estima intacta, paz interior e alguém por perto. E se pelo meio, conhecermos emoções, pessoas e paisagens que nos tragam mais-valias, aí é Natal todos os dias. <br />
Não é na espera que se consegue a oportunidade, é no triunfo de ir à procura da mesma. Cada deserto pode dar-nos a possibilidade de um oásis, cada dia, uma forma de ser feliz. O meu unico rival são as minhas próprias limitações e enfrentar-me a melhor forma de me superar.Os meus sonhos tornaram-se maiores que as minhas noites e não quero ganhar ou perder, mas fazer cada dia melhor e mais longe porque o amor não é enamoramento, mas forma de vida e de respirar.<br />
Quero respirar muito e fundo. Cada vez mais. Por mim e por aqueles que me amam.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-52991944853460044422010-11-18T17:07:00.000+00:002010-11-18T17:07:35.226+00:00Mulherzinhas, Senhoras, Gajas e Outras que taisOK, confesso. Passado este tempo de jejum e reflexão, descobri que estava com algumas saudades de escrever só para mim, mas sempre com aquele sentimento muito egoista de ansiar por fama mundial e ser aclamada com palmas pela minha prosa.<br />
<br />
Felizmente que as melhores (mas também as piores) criticas a esta exposição intima, mas sujeita a toda a inveja possivel na mente perversa das pessoinhas que nos rodeiam todos os dias, partiram dos meus amigos mais intimos, olhos nos olhos. Foi um banho de consciência de que ainda me falta um bocadinho para falarem de mim na praça publica. <br />
<br />
Definitivamente, o mundo está a mudar. Já não pertence aos homens, mas às mulherzinhas, senhoras, gajas e outras que tais. Passo a explicar. <br />
<br />
Todo este grupo feminino que aparece por todo o lado, mesmo onde não é convidado, ganhou um poderio que não sei porque carga de água se julga detentora de toda a verdade, de toda a dignidade e de toda a liberdade. Sou a primeira a declarar-me culpada quando preferi exagerar a minha emocionalidade para alcançar os meus fins, usando de monólogos agressivos, malcriados e cheios de mau feitio, acrescentando-lhes boa dose de nervos à flor da pele e litradas de choro suficientes até ficar sem ar e com os olhos a picar. Acabava por não trazer nenhuma solução para cima da mesa, mas de certa forma, ao ter exorcisado as minhas hormonas de cadela assanhada, pensava no meu intimo que tinha feito um favor à humanidade e à minha familia mais próxima.<br />
<br />
Quando passei esta fase infantil e perversa de aprender a ser mulher, já tinha perdido os 6/7 anos mais interessantes do inicio da minha vida adulta. Lembro-me do meu pai olhar para mim com ar espantado por eu falar uma lingua de um planeta distante (e ele conhecia mundo), ficar um minuto a pensar se havia mais alguma coisa a dizer, tirando propôr-me um chá para me acalmar ou uma torrada para tirar a dor de barriga, e não saber o que concluir de toda aquela crise existencial.<br />
<br />
À medida que fui ganhando experiência e fazendo um upgrade em relação a todas as situações diárias que passam pela vida de cada mulher, descobri que se destacava logo um primeiro sub-grupo pouco subtil, bem parametrizado e que repetia o modelo das mãezinhas com muito decoro e fidelidade: <strong>as mulherzinhas</strong>.<br />
Meninas que cresceram a ver outras mulheres à sua volta a tecerem exemplos de virtude e disciplina moral perante a sociedade, mas que no intimo das suas casas, poderiam revelar-se poderosas leoas que caçavam diáriamente a atenção e a estabilidade do parceiro masculino, com minucia e pericia, ora levando o seu amado aos picaros ora empurrando-os para a lama. E no meio disto, nasciam ódios, remoiam-se amarguras de ranger dentes e quebravam-se encantos de castelos e principes encantados. Queriam ser senhoras, mas eram só mulherzinhas.<br />
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Porque <strong>Senhoras</strong> foram as nossas avós, dignas de beija-mão, capazes de engolir sapos do tamanho de bois e cuspir bois do tamanho de sapos, sem deixar de dar ao mundo lições de humildade, moralidade e criatividade para aturar vidas ocas e rotineiras, em tempos que não permitiam sequer pôr em questão a palavra de qualquer macho dominante ou pensar em responder a provocações conjugais.<br />
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Hoje existem <strong>gajas</strong>. As gajas são mulheres a tempo inteiro, quais super heroínas de banda desenhada, que gerem inumeras situações de vida desde filhos que se recusam a vestir de manhã, a levar os pais a consultas médicas enquanto consolam amigas que lhes choram de solidão no ombro e amigos que não sabem o que vestir ou fazer no próximo encontro pós-divórcio com uma conquista no horizonte. Entre uma vida profissional intensa onde se debatem previsões de orçamento à mistura com sopas engolidas à pressa porque a hora de almoço da gaja estica sempre para ainda ir procurar com a colega de trabalho, o melhor fato de banho para levar à piscina do ginásio onde pensa emagrecer dez quilos até ao Natal, esta super-mulher pensa se tirou alguma coisa para o jantar. As gajas não fazem cenas de ciumes (é falta de autoestima), não rebolam pelo chão a implorar casacos de pele (compram-nos elas se realmente quiserem), não dependem dos homens para se sentirem amadas, nem fingem sentimentos que não sentem.<br />
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E por fim, há as outras que tais. Que não têm nada dentro delas, nada para dar aos outros, que a vida delas não lhes chega mas que acham que assim vão longe. Que de tanta asneira e vontade de agradar, nunca chegam a lado nenhum. Gastam-se em ilusões de cama e amaços, erotismo descartável e libido aos pulos, pensamentos doentes e manipuladores, maldade e lingua venenosa, corpo feio em mente distorcida e vontade de se entregarem a quem quiser, esperando que o homem as complete e seja tudo para elas. Dizem-se independentes e inteligentes, mas são frageis, perversas e só se relacionam com homens que estejam à mesma altura de cama ou inteligência. Pena por estas mulheres que dão pior fama ao resto das outras e piedade pelos homens que se enfeitiçam por esta espécie.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi385lzieJ5dUqTc3jc5_P9Io0LCjHo45VDpNubaSiwzuhouErsuyi0pEEdjxq1bp_toXo3F4ZsDkEHkqnfxNdXNpHOB_LZPbPcJVgFHgXg6gKa9UA97m8wjvgbjwTIMGIRZw9sBTu2UB8O/s1600/laureline.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi385lzieJ5dUqTc3jc5_P9Io0LCjHo45VDpNubaSiwzuhouErsuyi0pEEdjxq1bp_toXo3F4ZsDkEHkqnfxNdXNpHOB_LZPbPcJVgFHgXg6gKa9UA97m8wjvgbjwTIMGIRZw9sBTu2UB8O/s1600/laureline.bmp" /></a></div>Decididamente, não está nada fácil hoje em dia confiar em quem quer que seja. Mulher ou homem.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-28389774523925565082010-09-02T13:14:00.000+01:002010-09-02T13:14:00.910+01:00Voltaram todos!!!Começou SetembroAi que bom! Já se sente a rua cheia de gente alienada que não percebi muito bem se chegaram a descansar no Verão ou se nem tiveram tempo de descomprimir e toca de voltar ainda com mais stress...um encanto. São as buzinadelas na rua, as cotoveladas no metro, as pressas no supermercado para chegar a correr antes de mim à caixa e ganhar uns centimetros de espaço...UAU!!!!! Que delicia. Gente civica, bronzeada aos bocados e organizada. Decididamente devia ter esperado pelo curso de Sociologia e seguido por essa via que é a mais divertida para fazer esta observação do people que me rodeia. Não há cu para tanto desconforto pessoal nacional.<br />
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Oh gente portuguesa! De uma vez por todas, façam um favor a vocês próprios e interiorizem que são responsáveis pelo mal que vos acontece, bolas. Assim, não vamos lá!!Não recomeçem no carpir desolado, a emocionarem-se e a exigir mais, quando no fundo, no fundo, vocês são aqueles que menos querem mudar o que quer que seja. Aproveitem o regresso a casa para mudarem. De vida, de estilo, de atitude. MUDEM!!<br />
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Felizmente que o meu bairro continua igual a si mesmo, simpático e velhinho, com educação, sorridente.<br />
Adoro chegar ao café e ouvir. "Olá menina. Os doidos já voltaram". E rio-me, cumplice com com a minha gente.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-34342365498136083092010-07-14T15:57:00.000+01:002010-07-14T15:57:29.730+01:00Depois do Santo António e do Mundial...Finalmente posso voltar à minha sanidade mental. Já se acabaram os Santos Populares e o Mundial. Livra! Estava a ver que nunca mais chegava o Verão, cheio de fofoca pirosa e gente feia à beira-mar a ver se chega a ser bonita até ao fim de Agosto. <br />
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Pois é, em termos profissionais, os prazos mais imediatos continuam infelizmente a depender de terceiros: a reunião para ser informada sobre criação de empresas pelo meu Centro de Emprego (o técnico responsável só atende por marcação. Pior que urgência de hospital), mas também os meus eventuais clientes para compra de produtos portugueses, que ainda não sei se querem ou não arriscar na exportação.Viva a crise! No comments...<br />
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Em termos individuais, a vidinha adiada sine qua non, porque o mundo não está para brincadeiras para gente positiva, divertida e com vontade de trabalhar depressa e bem. É sempre suspeito lidar com uma pessoa como eu.<br />
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Isto está lindo, Os que têm emprego, dinheirinho no bolso e um telhado por cima da cabeça deprimem dia a dia, suspirando por melhores férias, melhores colegas e melhores ambientes de trabalho. E quem não tem nada em vista? Fica como? De olhos fechados para não ver nada de nada?<br />
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Em relação ás informações sobre a crise económica, adoptei um lema: só ler as noticias nos jornais, com duas ou três semanas de atraso. Para além de não ficar contagiada tão depressa pela paranóia colectiva que or artigos provocam, o tempo que decorrer até eu tomar conhecimento do assunto, já foi ultrapassado por outro assunto AINDA mais importante sobre o mesmo tema. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeA-fdPtjzo0niXCxyDQlz16kPab68bE-kL_Kxo9ja4niW0DTfIQHcSZc28WfVF1CpmWZQEXSem5YjffokZj2Lc6UzR5rSCRPnl2laGjPfSCMPRFw8BGvUWsnPsw8wWPWzGfXXSINSRr7m/s1600/Summertime.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" rw="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeA-fdPtjzo0niXCxyDQlz16kPab68bE-kL_Kxo9ja4niW0DTfIQHcSZc28WfVF1CpmWZQEXSem5YjffokZj2Lc6UzR5rSCRPnl2laGjPfSCMPRFw8BGvUWsnPsw8wWPWzGfXXSINSRr7m/s320/Summertime.jpg" /></a></div>O melhor mesmo é passar por extra-terrestre até Setembro. Boas férias.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-4868958561258011102010-05-19T09:43:00.000+01:002010-05-19T09:43:02.912+01:00Prazos...A vida das pessoas é feita de prazos. São os prazos profissionais, os prazos financeiros, os prazos emocionais...eu sei lá! São-nos pedidos dias, horas, termos a cumprir, a pagar, a esperar. E a gente lá vai devagarinho, contando os tostõezinhos, espremendo os miolinhos a ver onde arranja mais paciência, abgenação e engenho para aguentar tanto prazo, tanto fardo, tanta responsabilização.<br />
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Depois, vêem as surpresas más: um projecto sem pernas para andar, uma conta bancária que não estica mais, uma relação profissional moribunda e o repôr toda a nossa máquina humana a funcionar para que nunca paremos a pensar muito para não deprimir de uma vez por todas. E as perdas emocionais? E o perdermo-nos de nós próprios? Um horror! O pior pesadelo. Passar ao lado de nós e não nos reconhecermos, nem nos cumprimentarmos e saber como vai a vidinha.<br />
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O mais dificil no empreendorismo é mesmo o sonho falhado e adiado. É o "esperar sentado", sem rumo, sem além, sem cadeira debaixo do rabo. E o problema está noutro lado. Nós não ficámos maus de repente e falhámos, mas o mundo gira tão depressa que de repente, passamos ao lado da nossa própria capacidade de resolução.E é também por isto que tantas situações se prolongam para além do fim. Já estão mortas, nós temos consciência disso, mas não as aceitamos como tal. A negação da realidade leva-nos a aguentarmos para além do limite, até ao ponto em que se torne insustentável e que saimos a correr desta ilusão e a realidade nos atropela.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNeNb6W8g6njInKypZRofhPXqaE1DARaRrRS8nAzy382Rq8W-J1_4P_FQ6V0s7cOEyQ0Iean_P8jvxX7Hjf5IWV57snP7w34O5InqeEg5FS7Pxk0e6RlHacr3ywI7Z4quFvrQm1Ib_PC4v/s1600/Eze7.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNeNb6W8g6njInKypZRofhPXqaE1DARaRrRS8nAzy382Rq8W-J1_4P_FQ6V0s7cOEyQ0Iean_P8jvxX7Hjf5IWV57snP7w34O5InqeEg5FS7Pxk0e6RlHacr3ywI7Z4quFvrQm1Ib_PC4v/s320/Eze7.JPG" wt="true" /></a></div>Só arriscamos MESMO quando sabemos que há uma pequenina duvida em conseguirmos alcançar o que sonhamos. Se não pensasse assim, não assumia o risco à medida do que posso perder. Só pensando assim, tenho a leveza e a desemocionalidade para lidar com as minhas piores dificuldades, com determinação e humildade. Só assim sou persistente, porque estar quieta a ver e à espera, é a morte do artista. Um desperdicio de vida.<br />
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Desisitir à primeira dificuldade, não é inteligente. Mas insistir quando já não há solução, quando o jogo acabou, é. E é por isso que há prazos. Para reflectirmos e individualmente identificar um prazo, um fim de tempo para a resolução e parar. E mais tarde, começar de novo. Continuar noutra estrada. <br />
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Está a ficar calor. Definitivamente, vou apanhar sol. Já chega de tanto prazo de responsabilidade.Teresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4339411954132681814.post-84385473783716240002010-04-23T22:02:00.000+01:002010-04-23T22:02:04.894+01:00Reler ShakespeareDepois de algum tempo, você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.<br />
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E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair a meio do vão. Depois de um tempo, você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.<br />
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Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas num instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que o seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.<br />
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Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são afastadas de si muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.<br />
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Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o deite fora quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.<br />
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Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.<br />
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Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama da forma que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.<br />
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Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.<br />
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Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vidaTeresa Cabralhttp://www.blogger.com/profile/09955522403132057080noreply@blogger.com