Hit the world road

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mulherzinhas, Senhoras, Gajas e Outras que tais

OK, confesso. Passado este tempo de jejum e reflexão, descobri que estava com algumas saudades de escrever só para mim, mas sempre com aquele sentimento muito egoista de ansiar por fama mundial e ser aclamada com palmas pela minha prosa.

Felizmente que as melhores (mas também as piores) criticas a esta exposição intima, mas sujeita a toda a inveja possivel na mente perversa das pessoinhas que nos rodeiam todos os dias, partiram dos meus amigos mais intimos, olhos nos olhos. Foi um banho de consciência de que ainda me falta um bocadinho para falarem de mim na praça publica.

Definitivamente, o mundo está a mudar. Já não pertence aos homens, mas às mulherzinhas, senhoras, gajas e outras que tais. Passo a explicar.

Todo este grupo feminino que aparece por todo o lado, mesmo onde não é convidado, ganhou um poderio que não sei porque carga de água se julga detentora de toda a verdade, de toda a dignidade e de toda a liberdade. Sou a primeira a declarar-me culpada quando preferi exagerar a minha emocionalidade para alcançar os meus fins, usando de monólogos agressivos, malcriados e cheios de mau feitio, acrescentando-lhes boa dose de nervos à flor da pele e litradas de choro suficientes até ficar sem ar e com os olhos a picar. Acabava por não trazer nenhuma solução para cima da mesa, mas de certa forma, ao ter exorcisado as minhas hormonas de cadela assanhada, pensava no meu intimo que tinha feito um favor à humanidade e à minha familia mais próxima.

Quando passei esta fase infantil e perversa de aprender a ser mulher, já tinha perdido os 6/7 anos mais interessantes do inicio da minha vida adulta. Lembro-me do meu pai olhar para mim com ar espantado por eu falar uma lingua de um planeta distante (e ele conhecia mundo), ficar um minuto a pensar se havia mais alguma coisa a dizer, tirando propôr-me um chá para me acalmar ou uma torrada para tirar a dor de barriga, e não saber o que concluir de toda aquela crise existencial.

À medida que fui ganhando experiência e fazendo um upgrade em relação a todas as situações diárias que passam pela vida de cada mulher, descobri que se destacava logo um primeiro sub-grupo pouco subtil, bem parametrizado e que repetia o modelo das mãezinhas com muito decoro e fidelidade: as mulherzinhas.
Meninas que cresceram a ver outras mulheres à sua volta a tecerem exemplos de virtude e disciplina moral perante a sociedade, mas que no intimo das suas casas, poderiam revelar-se poderosas leoas que caçavam diáriamente a atenção e a estabilidade do parceiro masculino, com minucia e pericia, ora levando o seu amado aos picaros ora empurrando-os para a lama. E no meio disto, nasciam ódios, remoiam-se amarguras de ranger dentes e quebravam-se encantos de castelos e principes encantados. Queriam ser senhoras, mas eram só mulherzinhas.

Porque Senhoras foram as nossas avós, dignas de beija-mão, capazes de engolir sapos do tamanho de bois e cuspir bois do tamanho de sapos, sem deixar de dar ao mundo lições de humildade, moralidade e criatividade para aturar vidas ocas e rotineiras, em tempos que não permitiam sequer pôr em questão a palavra de qualquer macho dominante ou pensar em responder a provocações conjugais.

Hoje existem gajas. As gajas são mulheres a tempo inteiro, quais super heroínas de banda desenhada, que gerem inumeras situações de vida desde filhos que se recusam a vestir de manhã, a levar os pais a consultas médicas enquanto consolam amigas que lhes choram de solidão no ombro e amigos que não sabem o que vestir ou fazer no próximo encontro pós-divórcio com uma conquista no horizonte. Entre uma vida profissional intensa onde se debatem previsões de orçamento à mistura com sopas engolidas à pressa porque a hora de almoço da gaja estica sempre para ainda ir procurar com a colega de trabalho, o melhor fato de banho para levar à piscina do ginásio onde pensa emagrecer dez quilos até ao Natal, esta super-mulher pensa se tirou alguma coisa para o jantar. As gajas não fazem cenas de ciumes (é falta de autoestima), não rebolam pelo chão a implorar casacos de pele (compram-nos elas se realmente quiserem), não dependem dos homens para se sentirem amadas, nem fingem sentimentos que não sentem.

E por fim, há as outras que tais. Que não têm nada dentro delas, nada para dar aos outros, que a vida delas não lhes chega mas que acham que assim vão longe. Que de tanta asneira e vontade de agradar, nunca chegam a lado nenhum. Gastam-se em ilusões de cama e amaços, erotismo descartável e libido aos pulos, pensamentos doentes e manipuladores, maldade e lingua venenosa, corpo feio em mente distorcida e vontade de se entregarem a quem quiser, esperando que o homem as complete e seja tudo para elas. Dizem-se independentes e inteligentes, mas são frageis, perversas e só se relacionam com homens que estejam à mesma altura de cama ou inteligência. Pena por estas mulheres que dão pior fama ao resto das outras e piedade pelos homens que se enfeitiçam por esta espécie.

Decididamente, não está nada fácil hoje em dia confiar em quem quer que seja. Mulher ou homem.