Hit the world road

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

AFECTIVIDADE

Pois é, esta primeira longa missão tem sido particularmente feliz e já estou completamente ambientada porque definitivamente ainda existem no mundo, pequenos oásis de bem-estar, paz e boa vontade.

O Dubai tem de facto qualidade de vida, não obstante o pó das obras que é constante. Há uma imensa vontade natural de agradar e singrar. Sinto-me entre iguais. Aliás, melhor que isso. No que toca a lambidela no ego, nada melhor que uma loura ser bem galada com um profundo olhar, vezes e vezes sem conta, sem saber mais o que fazer, visto que o contraste com a gente local é ENORME. A melhor parte vem a seguir quando estes olhares são apanhados em flagrante e segue um sorriso entre o atrevido e o envergonhado, de quem nunca ousará dar um passo mais à frente. Fiquemos por aqui.

A cultura árabe não permite nenhum desvaneio com conotação explicita. Não existem demonstrações de afecto sem decoro (beijos, abraços ou outros sinais de ternura), embora se ande de mão dada. São mães com filhas, pais com filhos, amigas com amigas e versão masculina também, mas fica sempre de fora aquela outra forma mais explicita de se dizer com o corpo "amo-te", "adoro-te" ou "fica mais um bocadinho ao pé de mim".

Não sei ainda quais serão as demonstrações afectivas locais mais corporais, porque não estou com muita vontade fisica de os confrontar. O mais próximo que tive de perceber esta forma de afecção, foi durante a primeira visita, ter trabalhado numa empresa em que existiam muitos representantes dos dois sexos do grande mundo árabe e aí tive direito ao verdadeiro menu de aproximação e distância. Desde o mais tradicional homem que não olhava para mim enquanto falava, ao religioso que não me podia tocar e fugia da minha mão estendida, tive de facto parco contacto de emoção . Mas quando cheguei às mulheres, foi mais divertido, porque descobri que embora no inicio de uma relação profissional não nos tocássemos, cheguei a ter direito a vários abracinhos e beijinhos no momento da despedida. Quando neste segunda viagem as reencontrei, parecia uma festa de meninas, com toda uma alegria transbordante....será que também são assim na intimidade? Estranho mundo árabe.

Por mim, o mimo nunca faz mal a quem dá ou recebe e não tem nada a ver com conotação sexual. É puro mel de troca de boa energia e de certeza que faz bem à alma. Se calhar, ainda vou descobrir que os árabes têm uma costela portuguesa de gostar de sofrer por amor....coitaditos!

Só lhes faltará aquele ar sofredor que o meu Portugal arrasta, suspirando desde que se levanta até que se deita, maldizendo a vida por não ser fadista. Ou será que foram os portuguese s que aprenderam a ser como os árabes?

É nestas alturas que eu penso que o Dubai é um paraiso. Nem que seja pelo sorriso que as pessoas têm na cara quando cruzamos um segundo o seu olhar. Sim porque aqui, quando anda na rua, nenhuma mulher sustenta o olhar de um homem para não ser interpretada como uam mulher fácil. Uma mulher, para se fazer respeitar, só sustenta o olhar quando está a trabalhar.