Hit the world road

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Chove no Dubai....


De repente, enquanto jantávamos, começou a chover no Dubai. Sensação estranha. O Raul correu para a varanda para meter o nariz de fora (vivemos em bolhas climatizadas: carro, apartamento, reuniões em escritórios) e estava a pingar. Não é chuva, chuva, mas pronto, para aqui no minimo é tempestade! E ainda por cima, o céu está rasgado de luz com relâmpagos e trovões. E o ar cheirava quase a terra molhada...

E no mesmo instante, pensámos em Lisboa. Pensámos na familia, nos amigos, no frio que vai lá estar à nossa espera e descobrimos que esta segunda missão está a terminar. Vamos embora outra vez depois de amanhã. Outra sensação estranha. Mistura de suaudades (saudades suadas) com vontade de ficar cá mais um bocadinho, para absorver ainda mais esta zona tão diferente do nosso país, da Europa. 12 horas nos separam desde que levantamos o rabito de uma das casas até pousarmos o rabito de vez na outra casa para lá do sol posto.

Tive "piscadelas de lembranças" do que já me aconteceu aqui e voltei a confirmar que simplesmente não trocava o que se está a passar aqui por nada deste mundo. Foram:

- O dia em que pintei a mão com henna e andei uma hora com ela agarrada ao peito para não esborratar tudo;
- O dia em que nadei no meio dos peixinhos, na minha praia favorita, entre o Burj Al Arab e o Atlantis;
- A noite em que em fiquei à beira do Creek, a ver os barcos a subirem e a descerem ao longo do braço de mar que atravessa a zona velha do Dubai, onde tudo começou;
- O pôr de sol mais rápido da minha longa experiência geográfica (vi vários para tirar teimas e aqui os pôr de sóis demoram 20 minutos máximo - questões de latitude);
- O dia em que numa praia de Omã, comemos arroz picante com frango à mão, que nos tinha sido oferecido por uma familia local numa outra praia;
- O iraniano, dono da loja de especiarias, que me agarrou na mão com doçura, deu-me cerejas secas para trincar e olhou-me dentro dos olhos com um sorriso tão grande, fazendo um desconto no final das compras e repetindo: "Figo! Figo! "fazendo o jeito de quem chutava uma bola, quando soube que eramos portugueses;
- A compra do meu fato de gala indiano a uns afegãos que sorriam sem parar e não falavam outra coisa tirando Yes, yes e pouco mais;
- A simpatia de toda a gente que trabalha no nosso hotel e que tem sempre um comentário simpático quando entramos ou saímos;
E claro as eternas buzinadelas do trânsito caótico ou o esvoaçar de panos brancos ou pretos no meio das ruas, quando o vento está de feição.