Hit the world road

domingo, 16 de novembro de 2008

HOMENS NOS EMIRATOS

Já lá vai quase uma semana e eu não contei mais nada, mas finalmente tenho hoje mais um bocadinho de tempo para relatar novas aventuras.

Antes de mais, tenho de explicar que, devido a circunstâncias profissionais, deixei de viver esta aventura no Dubai sózinha, porque o meu novo director, o Raul, juntou-se à região e tornou-se também o responsável pela Arábia Saudita, país que como podem imaginar lhe deixo de boa vontade, porque tão cedo, e sem conhecer exactamente como funcionam os árabes mais temidos na região, não ponho lá os pés! Nem toda tapadinha com os olhinhos de fora! Também por outras razões profissionais que não são para aqui chamadas, deixei de ser só responsável pelo Dubai, e passei a ser "UAE Country Manager" o que quer dizer, responsável não por um só emirato (o do Dubai), mas pelos sete emiratos todos (Abu Dhabi, Ajman, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah e Umm al Quwain). Também poderei ter de me deslocar ao Qatar e a Omã, mas esses são países vizinhos dos Emiratos Árabes Unidos e mesmo ao lado. Portanto, amiguinhas e amiguinhos, não se impressionem porque não vim de férias, mas vou trabalhar que nem uma mourinha loura....

O facto do Raul estar no Dubai e estarmos instalados juntos num aparthotel (cada um com direito à sua suite) permite trabalharmos e passarmos a maior parte do tempo juntos, mas tendo os dois bom feitio e grandes ganas de vingar, já nos tratam nos escritórios em Lisboa, pela Dream Team, visto termos uma visão profissional parecida. O lado excelente é podermos ir de um lado para o outro e não haver implicações no sentido de timings a cumprir, porque eu sei do trabalho dele e ele do meu, e assim a gestão de clientes é mais fácil. Sobretudo, porque sendo uma equipe mista, nas reuniões, nunca sabemos se o cliente vai preferir uma mulher loura ou um homem latino. Eu explico. Tanto podem dar-me muita atenção, como ignorarem-me completamente. E aí , eu não podia fazer negócio, porque há árabes que literalmente não olham sequer para as mulheres, porque a religião não lhes permite. Ao príncipio, era um tanto estranho, mas agora, estando os dois presentes, assim que um dos dois descobre qual interlocutor o cliente prefere, o outro fica a olhar para a decoração da sala de reuniões e acabamos a reunião sempre em beleza. O Raul tem um óptimo poder de persuasão e os árabes (sobretudo os mais conservadores) ADORAM ouvi-lo falar.

Como o Raul guia, e agora temos carro alugado, já começámos a deixar de esperar por um táxi debaixo de um calor sufocante e durante cerca de 30 minutos. Começámos a sair do raio da acção do bairro (onde tinhamos corrido tudo a pé), para nos lançarmos pelos 4 cantos do Dubai. Conhecemos as saídas todas para as praias, centros comerciais e vielas dignas de fugir do maior trânsito de cidade e até já nos aventurámos fora do Dubai. Os árabes conduzem que nem uns doidos, e o Raul guia bem. É de morrer a rir, imaginar dentro de grandes bombas (nunca vi carros de marcas e géneros tão luxuosos e caros) com vidros fumados, estão "homens de branco" (esta fui eu que inventei a pensar se era melhor ou pior que a expressão pinguins, porque eles andam sempre em bando e sempre de branco, lenço na cabeça e o chinelinho no pé) a acelerar tipo jogo de Play Station do Gui.

Os árabes do Dubai são muito novos, ainda com as hormonas aos pulos e não se distinguem muito uns dos outros, por causa da Dishdashah, tunica que lhes chega do pescoço aos pés, passando pelos braços. A Dishdashah é de um tecido muito leve que não se amachuca (algodão no Verão e lã no Inverno) e que cai a direito. A cabeça fica coberta com um barretinho branco e depois por cima um lenço branco (Gutrah) ou o lenço branco e vermelho (Shumagg)dos árabes coroado por um bordão preto (Ogal) que dá duas voltas. Por baixo da tunica, entrevê-se umas calças da mesma côr e tecido, e nos pés invariávelmente, estão sempre un chinelos muito confortáveis que os locais descalçam em qualquer lado. Quando eu digo em qualquer lado, é mesmo qualquer lado, porque tanto pode ser num café, como no local de trabalho ou em plena reunião de trabalho. Mas penso que a razão fundamental é o facto de estar sempre calor e eles precisarem também de se lavarem antes de rezarem 5 vezes por dia. Quando são chamados à prece, é vê-los a correrem para as mesquitas ou lugares próprios (até existem na praia e dentro de centros comerciais), descalçarem-se para lavar pés, pernas, mãos e braços até aos cotovelos, cara e nuca para depois irem rezar.

Á medida que vão prosperando na vida, e talvez devido à alimentação que é pesada e cheia de gordura, vão ganhando barriga e tornam-se na maioria gordos. Salvo algumas excepções no olhar que é muito incisivo (nunca desviam o olhar quando falam, obrigando as mulheres a baixá-lo para não parecerem mulheres com outra conotação), os locais não têm muita graça, mas são profundamente vaidosos e muitas vezes os apanhei a retocar o lencinho no reflexo dos espelhos nos centros comerciais.

Não se distinguem os árabes do Dubai, com os do Irão, da Arábia Saudita, do Qatar ou do Libano, porque a forma de vestir é rigorosamente a mesma. Como vêem, não há muito por dizer sobre este lado fisico. A forma de estar ou viver fica para quando eu conhecer melhor os locais.

Em contrapartida, os expatriados são imensos e muito variados. No Dubai, há para todos os gostos. Americanos, australianos, neo-zelandeses, ingleses, italianos, franceses, espanhois, russos, escandinavos, alemães, todo o tipo de asiáticos.... parece um catálogo de homens. E aí é só escolher. A roupa de facto tem muito impacto visual e identifica logo um estado de espirito. Dá jeito para a nossa maneira de estar ocidental. Escusamos de perder tempo com pessoas que podem não ter nada em comum conosco. E os árabes assim parecem ALTAMENTE suspeitos.

Pois é, nada como estarmos com o produto nacional. O Raul representa bem o estilo português. Descontraído e com alguma ironia. Que alívio!!!

Vou acabar por aqui.... a crónica já vai grande.